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Israel faz coro aos EUA e diz que navios do Irã no Brasil são 'perigosos e lamentáveis'

Porta-voz da diplomacia acusa governo brasileiro de favorecer 'Estado maligno' acusado de violações

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São Paulo

Israel se juntou aos EUA e condenou nesta quinta (2) a chegada de dois navios de guerra iranianos ao Porto do Rio de Janeiro no fim de semana. No Twitter, Lior Haiat, porta-voz da chancelaria do país, condenou a decisão "perigosa e lamentável" da Marinha brasileira de aceitar as embarcações.

O navio de guerra iraniano Iris Dena no Porto do Rio de Janeiro - Ricardo Moraes - 28.fev.23/Reuters

"O Brasil não deveria favorecer um Estado maligno, responsável por diversas violações de direitos humanos contra seus próprios cidadãos, que executa ataques terroristas em todo o mundo e arma organizações terroristas em todo o Oriente Médio", escreveu Haiat. Acrescentando que este era o momento de o Brasil seguir os passos de outras nações e reconhecer o Irã como "entidade terrorista", ele finalizou o post declarando que não era "tarde demais para ordenar que os navios deixem o porto".

A Marinha do Brasil permitiu que os navios iranianos Iris Makran e Iris Dena atracassem no Porto do Rio de Janeiro de 26 de fevereiro a 4 de março. A autorização, na mesma semana em que o enviado especial para o clima John Kerry está no país, irritou os americanos, que vinham pressionando para que o governo brasileiro não liberasse a ação. O regime iraniano é alvo de sanções de Washington.

Conforme a Folha mostrou, o Brasil, que já havia autorizado a chegada das embarcações em janeiro, havia cedido à pressão americana no começo de fevereiro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou aos EUA para se encontrar com o líder americano, Joe Biden, e empurrou o atracamento para o fim do mês. Ao final, as embarcações acabaram chegando ao Rio de Janeiro no domingo passado.

Embora exista forte pressão dos EUA para que países da América Latina neguem esse tipo de permissão à Marinha iraniana, o Itamaraty adota o princípio de não reconhecer sanções unilaterais, só as aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU. Assim, não haveria razões para negar a solicitação de Teerã.

Antes de Israel se pronunciar sobre o tema, o senador americano Ted Cruz, membro dos comitês de Relações Exteriores e de Comércio, Ciência e Transporte do Senado, já tinha reagido. Ele criticou Lula, a quem chamou de "chavista alinhado contra os EUA", e afirmou que tanto o Porto do Rio de Janeiro quanto qualquer empresa que fizer negócios com o porto podem ser penalizados.

"Os EUA têm sanções e leis antiterrorismo projetadas exatamente para deter e responder a essas ameaças", disse. "Esses navios de guerra iranianos já estão sob sanções e, portanto, o porto do Rio de Janeiro, onde aportaram agora, corre o risco de sanções incapacitantes, assim como quaisquer empresas brasileiras que lhes prestaram serviços ou aceitaram pagamentos –e também todas as empresas estrangeiras que se envolverem com o porto ou com essas empresas brasileiras no futuro."

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