Descrição de chapéu China

Xi Jinping assegura 3º mandato na liderança da China em eleição protocolar

Dirigente era único candidato ao cargo e já tinha garantido posto de secretário-geral do partido em 2022

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São Paulo

O Congresso Nacional do Povo, reunião legislativa anual da China, elegeu Xi Jinping por unanimidade para um terceiro mandato nesta sexta-feira (10), ratificando assim sua condição de líder mais poderoso do gigante asiático em décadas.

Xi Jinping faz juramento após ser reeleito para a liderança da China pela terceira vez durante plenária do Congresso Nacional do Povo, no Grande Salão do Povo, em Pequim - Noel Celis/AFP

A votação, que contabilizou 2.952 votos a favor de Xi, nenhum contra e nenhuma abstenção, foi sobretudo cerimonial. Xi era o único candidato à liderança do país e já tinha obtido seu terceiro mandato inédito como secretário-geral do Partido Comunista em outubro passado, durante o Congresso da sigla —por convenção, na ditadura de partido único o chefe da legenda é também chefe da República e das Forças Armadas do país.

Prenunciada em 2018, quando o país aboliu o limite de dois mandatos de cinco anos aos líderes, a manutenção de Xi no poder era dada como certa por especialistas. A reeleição fez dele o líder chinês mais duradouro desde Mao Tse-tung.

Esta foi a primeira edição do Congresso desde que a China suspendeu sua restritiva política de contenção da pandemia. Na sessão desta sexta, Xi e dezenas de outras autoridades no centro do do Grande Palácio do Povo, em Pequim, não usavam máscaras, embora aqueles sentados no auditório o fizessem.

Após o anúncio do resultado da eleição, três militares uniformizados desceram as escadas do enorme salão e colocaram um exemplar da Constituição sobre o púlpito central para que Xi fizesse seu juramento.

"Juro ser leal à pátria e ao povo e trabalhar duro na construção de um grande país socialista moderno que seja próspero, forte, democrático, mais civilizado e harmonioso", prometeu o líder do regime, em uma fala transmitida pela emissora estatal.

Além de Xi, os parlamentares também elegeram um novo chefe do Parlamento, Zhao Leji, e um novo vice, Han Zheng. Ambos são aliados próximos do dirigente máximo e integram ou já integraram o Comitê Permanente do Politburo, coração político do país asiático.

Durante o fim de semana, a expectativa é de que outros correligionários de Xi sejam nomeados para postos-chave. É o caso de Li Qiang, ex-secretário-geral do partido em Xangai. Responsável por impor no ano passado um lockdown brutal à maior cidade da nação, um grande polo financeiro, ele deve assumir como primeiro-ministro, supervisionando a área econômica.

O Congresso termina na segunda-feira, com um discurso de Xi e uma sessão de perguntas e respostas com a imprensa comandada por Li.

Os últimos meses foram difíceis para Xi, que endureceu o regime desde que assumiu o poder, uma década atrás. No final de novembro, protestos contra a política de Covid zero representaram o maior desafio popular à sua gestão até agora. Enquanto isso, as restrições impostas durante a pandemia levaram a um crescimento econômico bem menor do que o esperado —apenas 3% no ano passado, uma das piores performances da segunda maior potência mundial em anos.

Analistas afirmam que os cinco anos que o líder tem à frente prometem ser ainda mais desafiadores. Xi tem sob sua responsabilidade retomar o crescimento do gigante asiático em meio a uma disputa cada vez mais acirrada com os Estados Unidos, a preocupação com os impactos do envelhecimento de sua população de 1,4 bilhão, os conflitos com Taiwan e as acusações de violações de direitos humanos.

Isso sem falar da desconfiança da Europa em relação à China, abalada em razão da proximidade da nação com a Rússia, com quem travou um tratado de "amizade sem limites" dias antes do início da Guerra da UcrâniaPequim alega neutralidade no conflito, mas suas intenções são alvo de suspeita pelo Ocidente por ela jamais ter condenado Vladimir Putin por ter invadido o território vizinho, uma infração do princípio de soberania no direito internacional.

Putin, aliás, foi um dos primeiros estrangeiros a parabenizar Xi pela formalização de seu terceiro mandato. "A Rússia aprecia muito sua contribuição pessoal para o fortalecimento das relações entre nossos países", afirmou o russo em comunicado divulgado pelo Kremlin. O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, foi outro a saudar o chinês.

Steve Tsang, diretor da SOAS (escola de estudos orientais e africanos baseada em Londres), afirmou à agência de notícias AFP que o cenário global deve ver uma China ainda mais autoconfiante neste novo mandato de Xi, à medida que o país busca reduzir sua dependência do resto do mundo.

Já Willy Lam, da Fundação Jamestown, um think tank americano, afirmou à Reuters que, se o líder seguir pelo caminho autoritário que vem trilhando, de mais controle do Estado sobre o setor privado e confrontos com o Ocidente, suas chances de sucesso são baixas.

Com AFP e Reuters

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