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Coreia do Norte dispara contra fronteira e ameaça EUA

Em meio a exercícios com bombardeiro nuclear americano, Kim eleva tensão na península

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São Paulo

A Coreia do Norte voltou a elevar a tensão na península dividida entre a ditadura comunista e a democracia capitalista do Sul ao ameaçar os EUA por exercícios conjuntos de natureza nuclear com Seul.

Para dar peso à retórica usual, Pyongyang fez 30 disparos de artilharia contra regiões fronteiriças no sul de seu território. Enquanto isso, a irmã do ditador Kim Jong-un, Kim Yo-jong, disse que qualquer tentativa americana ou sul-coreana de interceptar mísseis balísticos do Norte será uma "declaração de guerra".

Bombardeiro estratégico B-52 americano é escoltado por dois caças F-15 (acima) e dois F-16 (abaixo) coreanos durante exercício conjunto na segunda (6)
Bombardeiro estratégico B-52 americano é escoltado por dois caças F-15 (acima) e dois F-16 (abaixo) coreanos durante exercício conjunto na segunda (6) - 6.mar.23/Ministério da Defesa da Coreia do Sul via AFP

Em relação a Seul, não é preciso ir tão longe, dado que a Guerra da Coreia (1950-1953) acabou num armistício, mas nunca houve um tratado de paz. Tecnicamente, ambos os países estão em conflito. Mas o alvo norte-coreano são os Estados Unidos, maior potência nuclear do mundo.

Para asseverar essa condição e a promessa de manter os sul-coreanos protegidos, Washington promoveu o sobrevoo de um bombardeiro estratégico B-52, escoltado por caças de Seul, próximo da Coreia do Norte.

O B-52 é um dos aviões dos EUA com capacidade de emprego de armas nucleares. Um detalhe chama a atenção de um certo cuidado americano: o aparelho enviado, o de matrícula 60-0025, está listado segundo a Federação dos Cientistas Americanos como um dos 41 modelos do bombardeio que foi "desnuclearizado", ou seja, só opera munição convencional.

Ambos os países também farão dez dias de exercícios militares, o que a agência estatal norte-coreana KCNA disse ser a causa da tensão atual. Os EUA e seus aliados nunca derrubaram um míssil norte-coreano em teste, mas a possibilidade tem sido cada vez mais discutida devido ao recrudescimento do ensaio dessas armas por Pyongyang, que tem um pequeno arsenal de bombas atômicas e de hidrogênio.

O Japão é o país mais preocupado, já que os recentes testes sobrevoaram seu território. "O Oceano Pacífico não pertence ao domínio dos EUA ou do Japão", afirmou Kim, a irmã, segundo a agência.

Enquanto os norte-coreanos disparavam peças de artilharia, pilotos americanos e sul-coreanos ensaiavam reação rápida a ameaças perto de Seul. Os EUA mantêm 28,5 mil soldados no país aliado.

A tensão é tão grande que mesmo Tóquio e Seul, adversários históricos, têm se reaproximado, com iniciativas para tentar remendar rusgas do passado colonialista japonês na região. Os nipônicos, por sua vez, abandonaram o pacifismo do pós-guerra e têm abraçado uma agenda militarista contra a China, expressa também por sua participação no grupo Quad, com EUA, Austrália e Índia.

O cenário é complexo. Pyongyang é apoiada por Moscou e Pequim, assim como no século passado, e a aliança russo-chinesa está no centro das queixas americanas recentes devido à Guerra da Ucrânia. Washington acusa a China de planejar até enviar armas para Vladimir Putin, o que ambos os lados negam, em mais uma etapa da Guerra Fria 2.0 entre as duas maiores economias do mundo.

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