EUA dizem que autor de massacre em aeroporto de Cabul foi morto pelo Talibã

Ataque de 2021 na capital do Afeganistão deixou 170 afegãos e 13 soldados americanos mortos

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São Paulo

O suposto autor de um atentado terrorista no aeroporto de Cabul foi morto nas últimas semanas, afirmaram autoridades americanas nesta terça-feira (25). O ataque do Estado Islâmico, que matou cerca de 170 afegãos e 13 soldados americanos, aconteceu em 2021, quando os EUA tiravam suas tropas do país.

Voluntários e equipe médica atendem homem ferido após ataque terrorista no aeroporto de Cabul, em 2021 - Wakil kohsar - 26.ago.21

"Ele era um importante oficial do Isis-K diretamente envolvido na coordenação de operações como o Abbey Gate, e agora não é mais capaz de planejar ou conduzir ataques", disse em nota o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, referindo-se à entrada do aeroporto onde ocorreu a explosão. As autoridades não revelaram o seu nome nem as circunstâncias da morte, mas disseram que os EUA não estão envolvidos no episódio.

O Estado Islâmico-Khorasan, ou Isis-K, é uma espécie de célula afegã do Estado Islâmico e inimiga do Talibã. Combatentes do grupo fundamentalista apareceram pela primeira vez no leste do Afeganistão em 2014, antes de fazerem incursões em outras áreas.

Na época do atentado, o Talibã disse "condenar veementemente" o atentado e jogou a responsabilidade no colo dos americanos —um acordo havia determinado que os EUA fariam a segurança dentro do aeroporto, enquanto o grupo extremista cuidaria da parte externa. Os dois artefatos usados no atentado explodiram na principal entrada do aeroporto, o portão Abbey, e em um local próximo ao hotel Baron, nas imediações do terminal aéreo.

Com medo de represálias, milhares de civis que tentavam deixar o país após o Talibã tomar a capital lotavam o aeroporto naquele momento —em uma semana, 20 pessoas morreram dentro ou nos arredores do terminal aéreo, incluindo afegãos que foram pisoteados e esmagados. Enquanto isso, países ocidentais realizavam operações para a retirada de seus diplomatas e cidadãos.

O atentado no cenário caótico coroou o fiasco dos EUA após 20 anos de guerra. Isso porque a ação no país no Oriente Médio, o mais longo engajamento militar americano, acabou com essa confusa retirada.

Os EUA não anteciparam o colapso do governo afegão e a consequente vitória talibã. Depois, fracassaram em organizar uma saída ordeira do país, gerando cenas como a de pessoas caindo de aviões decolando. Essa debacle foi acompanhada por uma mudança de tom do presidente Joe Biden em uma das passagens mais criticadas de sua gestão. No início, o americano pintou um cenário racional, mas, por fim, enfatizou que "muita coisa podia dar errado".

A operação começou em 2001, semanas depois do atentado ao World Trade Center, em Nova York. O ataque terrorista foi reivindicado pelo grupo Al Qaeda, liderado por Osama Bin Laden, então abrigado no Afeganistão —o que justificou a invasão.

Ao longo das duas décadas, segundo estudo da Universidade Brown (EUA), morreram cerca de 160 mil pessoas (das quais 2.298 soldados americanos, 3.814 mercenários, 1.145 aliados e o restante, afegãos). O custo ficou em US$ 2,26 trilhões, número que o Pentágono coloca na casa de US$ 1 trilhão.

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