Mortes ligadas a seita no Quênia que prega jejum para 'encontrar Jesus' vão a 73

Paul Mackenzie, suposto líder do grupo, está detido sob acusação de lavagem cerebral

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Malindi (Quênia) | AFP

A polícia do Quênia anunciou nesta segunda-feira (24) ter localizado os corpos de 73 supostos membros de uma seita que estimulava seus seguidores a jejuarem para "conhecer Jesus". A maioria estava em valas comuns, mas há casos de pessoas que chegaram a ser atendidas e não sobreviveram. Outros 33 fiéis foram resgatados até agora, de acordo com um órgão de investigação do país.

Sacos de transporte de cadáver dispostos na grama na floresta de Shakahola, no condado de Kilifi, no Quênia, onde especialistas forenses e investigadores exumam corpos de supostos membros de seita cristã Igreja Internacional da Boa Nova - 22.abr.23/Reuters

As autoridades prosseguem com as buscas, mas a expectativa é a de que a cifra de óbitos siga aumentando nos próximos dias. Segundo a Cruz Vermelha local, 112 pessoas foram dadas como desaparecidas em um escritório improvisado na região recentemente.

Os seguidores da Igreja Internacional das Boas Novas viviam em vários assentamentos isolados em uma floresta no vilarejo de Shakahola, perto da cidade costeira de Malindi. O ministro do Interior, Kithure Kindiki, informou que a área de quase 320 hectares foi cercada e declarada uma cena de crime.

O suposto líder da seita é o pastor Paul Mackenzie —também chamado de Paul Mackenzie Nthenge pela imprensa local—, acusado de realizar "uma lavagem cerebral" nos seguidores. Ele foi preso no dia 14 de abril, quando autoridades receberam a denúncia de que corpos de ao menos 31 membros do grupo foram enterrados em covas rasas.

Mackenzie já havia sido preso e indiciado antes, em março, depois de ser denunciado pela morte de duas crianças por inanição, mas foi solto sob fiança.

À agência de notícias Reuters, o investigador do condado, Charles Kamau, confirmou o número de mortos e disse que mais três pessoas foram presas, sem dar detalhes. A emissora queniana NTV, porém, afirmou que um dos presos estava detido por suspeita de ser um colaborador próximo ao líder. Um policial afirmou à AFP que o pastor iniciou uma greve de fome e "está orando e jejuando" na prisão. Além dele, outros 14 membros do grupo estão sob custódia da polícia. O caso irá a julgamento no início de maio.

O presidente do Quênia, William Ruto, criticou Mackenzie ao discursar em um evento nos arredores da capital, Nairóbi, nesta segunda. Ele disse que o suposto líder "se apresenta como pastor quando, na verdade, é um criminoso terrível", e afirmou que seus ensinamentos são contrários aos de qualquer religião autêntica.

Ruto ainda acrescentou que instruiu órgãos governamentais a investigar a origem do caso e a combater aqueles que se aproveitam da fé alheia "para promover ideologias bizarras e inaceitáveis".

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