Descrição de chapéu 11 de setembro

Reino Unido deportou nepaleses que protegiam embaixada britânica no Afeganistão, diz jornal

Funcionários foram levados à Europa pouco antes de o grupo fundamentalista Talibã retomar o poder

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São Paulo

Mais de cem cidadãos do Nepal que trabalhavam na segurança da embaixada britânica no Afeganistão antes de o grupo Talibã retomar o poder foram deportados do Reino Unido em processos secretos, segundo o jornal britânico The Guardian.

Os nepaleses foram levados à Europa na caótica retirada de militares e diplomatas do Afeganistão em agosto de 2021, quando as forças do Talibã se aproximavam da capital, Cabul. Poucos dias depois de chegarem ao Reino Unido, eles foram deportados mesmo com a posse de um visto que em tese garantia a permanência por seis meses em território britânico.

Helicóptero americano Sea Knight deixa a embaixada dos EUA em Cabul - Reuters
Helicóptero americano Sea Knight deixa a embaixada dos EUA em Cabul - Stringer - 15.ago.21/Reuters

Alguns dos antigos funcionários da embaixada britânica foram retirados à força de quartos de hotel nas cidades de Northampton, Reading, Oxford e Swindon. As operações aconteceram antes mesmo de serem completados os dez dias de quarentena à época obrigatórios para recém-chegados ao Reino Unido.

No mês passado, outros dez nepaleses foram detidos no Reino Unido em operação conduzida pelo Ministério do Interior. Em nota, a pasta informou que as deportações estão suspensas porque precisam de um "análise mais aprofundada", mas que os ex-funcionários foram transportados de Cabul como "um gesto de boa vontade" e com o entendimento de que deveriam retornar aos seus países de origem.

Em carta de protesto enviada a autoridades, os guardas deportados disseram que foram enganados pelas forças de segurança britânicas "Eles nos deportaram à força para o Nepal e contra a nossa vontade. Não tivemos a opção de permanecer no Reino Unido para maior proteção humanitária", afirmam.

O Talibã tomou o controle do Afeganistão em agosto de 2021, logo após o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciar a retirada oficial de suas tropas no país. A conquista dos fundamentalistas foi tão rápida que os americanos e seus aliados europeus precisaram adiantar as decolagens dos voos militares.

A entrada dos extremistas em Cabul ocorreu sem resistência, apesar de relatos de tiroteios esporádicos, em 15 de agosto de 2021, em derrota para o governo dos EUA. Em 2001, as forças do Talibã haviam sido expulsas da capital sob bombas americanas e britânicas.

De volta ao poder, o Talibã reintroduziu práticas como apedrejamento, flagelações e amputações de mãos até para crimes considerados menores, entre os quais roubos e adultérios. Em dezembro do ano passado, foi promovida a primeira execução pública de um criminoso.

No início do mês, a Casa Branca divulgou documento que culpa o ex-presidente dos EUA Donald Trump pela saída atabalhoada dos militares americanos do Afeganistão. Segundo o registro, formulado pela administração de Biden, "não havia sinais de que mais tempo, mais fundos ou mais americanos" pudessem ter mudado fundamentalmente o episódio.

Ao Guardian, alguns dos nepaleses deportados afirmaram que corriam riscos durante o trabalho na embaixada britânica do Afeganistão.

"Sempre estivemos sob ameaça", disse Deepak Punmagar, 42. "Não sabíamos se iríamos sobreviver. Quando cheguei ao Reino Unido me senti seguro, mas fui deportado para o Nepal em 17 de agosto." Procurada pelo jornal britânico, a embaixada nepalesa no Reino Unido não se manifestou.

Também nesta terça, o suposto autor de um atentado terrorista no aeroporto de Cabul foi morto, afirmaram autoridades dos EUA. O ataque do Estado Islâmico, que matou cerca de 170 afegãos e 13 soldados americanos, aconteceu em 2021, quando os EUA tiravam suas tropas do país. Segundo as autoridades, os EUA não estão envolvidos na morte.

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