Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ataques da Rússia matam 2 e ferem ao menos 40 na Ucrânia

Bombardeio acontece às vésperas de provável contraofensiva ucraniana; Zelenski promete resposta a ataques

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PAVLOHRAD | AFP e Reuters

A Rússia voltou a bombardear cidades da Ucrânia em um momento em que o país invadido se prepara para uma aguardada contraofensiva militar. Nesta segunda-feira (1º), ataques deixaram dois mortos na região ucraniana de Kherson, no sul do país, e cerca de 40 feridos em Dnipropetrovsk, no leste.

"O Exército russo atacou bairros residenciais de áreas povoadas e o prédio de uma instituição estatal no centro de Kherson", informou pelo Telegram Oleksander Prokudin, chefe da administração militar de Kiev. "Depois desta agressão russa, uma pessoa morreu e outras três, inclusive uma criança, ficaram feridas", acrescentou, destacando que a cidade havia sido bombardeada oito vezes em 24 horas.

Policial monitora área residencial atingida por um ataque militar russo na cidade de Pavlohrad, na Ucrânia - Sofiia Gatilova - 1ºmaio.23/Reuters

Na região de Dnipropetrovsk, outro ataque deixou cerca de 40 feridos, incluindo cinco crianças, disse Serhii Lisak, encarregado da administração local. Segundo ele, os bombardeios na cidade de Pavlohrad destruíram 19 prédios, 25 casas, três escolas, três creches e várias lojas. Também levou à abertura de uma enorme cratera no quintal de uma casa nos arredores do local, próximo às principais frentes de batalha, no sul e no leste do território.

O presidente Volodimir Zelenski anunciou as duas mortes em seu pronunciamento diário. "Os ocupantes russos receberão nossa resposta para cada ataque desse tipo. Os mísseis dos terroristas mataram duas pessoas, homens muito jovens", disse o líder ucraniano, acrescentando que um garoto de 14 anos foi morto perto de sua escola após ser atingido por uma bomba na região de Tchernihiv.

"Corri para fora e vi que a garagem estava destruída. Tudo estava pegando fogo, cacos de vidro estavam por toda parte. Se estivéssemos do lado de fora, teríamos morrido", disse a moradora Olha Litvinenko, 61.

Casas próximas também foram danificadas. Viktoriia Suprun, 41, contou que se escondeu com a filha no corredor de sua residência. "Corremos para lá, deitamos no chão. E então a onda de explosão retorceu a porta. Se tivéssemos ficado no mesmo lugar por mais cinco segundos, ficaríamos presos na casa", disse ela. "Não dormimos de noite e de manhã. Minha filha vai precisar de ajuda psicológica, é horrível."

A Rússia, por sua vez, alegou que seus objetivos foram alcançados. O Ministério da Defesa do país disse que suas forças atacaram usando mísseis aéreos e marítimos de longo alcance e de alta precisão contra instalações militares e industriais da Ucrânia, e que o trabalho das empresas que fabricam munições, armas e equipamentos militares para as tropas ucranianas havia sido interrompido. A nação liderada por Vladimir Putin nega repetidamente ter civis como alvos.

De acordo com o comandante do Exército da Ucrânia, Valeri Zalujni, os russos dispararam 18 mísseis de cruzeiro contra cidades ucranianas, mas 15 foram interceptados.

Durante o inverno europeu, a Ucrânia reforçou suas defesas antiaéreas, inclusive com sistemas Patriot dos EUA. A maioria dos combates nas últimas semanas se concentrara na região de Donbass, o leste do país, em particular na cidade de Bakhmut –os russos ocupam cerca de 80% do município.

Kiev está se preparando para lançar um contra-ataque usando centenas de veículos blindados e tanques doados por aliados. Em paralelo a isso, milhares de soldados voltaram recentemente de uma série de treinamentos no Ocidente.

Na Rússia, uma explosão fez um trem de carga descarrilar próximo da fronteira com o país invadido. Segundo autoridades locais, não houve vítimas. A causa está sendo investigada, e Alexander Bogomaz, dirigente da província, disse não saber quem foi o autor do ataque —líderes ucranianos não se manifestaram sobre o ocorrido.

Fotos compartilhadas nas redes sociais mostram vários vagões-tanque caídos e uma densa coluna de fumaça cinza na região de Briansk, que tem sido alvo frequente de ataques conduzidos por grupos de sabotagem pró-ucranianos, segundo a Rússia. No sábado (29), o governador local informou que quatro civis foram mortos depois que Kiev bombardeou um vilarejo na região.

Também no sábado, um suposto drone ucraniano atingiu um depósito de combustível em Sebastopol, base da marinha russa na Crimeia —península que Moscou tomou em 2014, na esteira da queda do governo pró-Kremlin em Kiev. A Ucrânia tampouco havia reivindicado diretamente a responsabilidade pelo ataque, mas no domingo (30) a porta-voz do Comando Sul de seu Exército, Natalia Humeniuk, afirmou que o incidente fazia parte dos "preparativos para a ofensiva em grande escala que todos esperam" de acordo com o jornal alemão Deutsche Welle.

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