O homem que matou a tiros cinco vizinhos no interior do Texas, nos EUA, foi deportado quatro vezes desde 2009, informou nesta segunda-feira (1º) o ICE (agência americana de imigração). Autoridades continuam as buscas pelo mexicano Francisco Oropeza, 38, apontado como autor do crime, e oferecem recompensa de US$ 80 mil (R$ 400 mil) por informações que levem à captura do suspeito.
O homem atacou as vítimas após reclamações por barulho na cidade de Cleveland, segundo a polícia. Ele disparava uma arma no jardim de sua casa quando os vizinhos pediram a ele que parasse porque tentavam fazer um bebê dormir. O homem, então, teria respondido que faria o que quisesse no seu quintal.
Quatro pessoas foram mortas na cena do crime, e uma quinta depois de ser levada para o hospital —entre as vítimas está uma criança de oito anos. Policiais informaram que o assassino estava embriagado no momento do ataque e que utilizou um rifle para realizá-lo.
Oropeza estava em situação irregular e foi deportado pela primeira vez em março 2009, após ordem de um juiz de imigração. O processo se repetiu em setembro daquele ano, em janeiro de 2012 e em julho de 2016, segundo o ICE.
A migração é um tema que coloca sob pressão o presidente Joe Biden, que irá concorrer à reeleição. Dados da agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês) apontam que, em 2022, mais de 3 milhões de pessoas foram capturadas tentando ingressar em território americano sem permissão legal, aumento de 33% em relação aos 2,7 milhões registrados no ano anterior.
Os assassinatos de sexta (28) em Cleveland repercutem em todo o país. Nesta segunda, mais de 250 policiais batiam de porta em porta em busca de pistas que levem à prisão do suspeito, segundo o xerife do condado de San Jacinto, Greg Capers. Mas foram poucos os avanços até aqui.
"Não sabemos onde ele está", disse o agente especial do FBI em Houston, James Smith, neste domingo (30). "No momento, não temos pistas."
A polícia informou que recuperou o rifle usado pelo atirador, mas que o criminoso ainda pode estar armado com uma pistola. Autoridades também apreenderam outros armamentos na casa do suspeito e um celular.
Wilson Garcia, que é pai de um bebê de um mês e sobreviveu ao ataque, contou ter fugido por uma janela depois que vários tiros quase o atingiram. "Pedimos que ele [atirador] ficasse quieto porque o barulho estava assustando o bebê", disse à KTRT Houston, afiliada da da ABC News. Em vez de parar, o homem invadiu a casa e começou a atirar.
As vítimas foram identificadas como Sonia Argentina Guzman, 25; Diana Velázquez Alvarado, 21; Julisa Molina Rivera, 31; José Jonathan Casarez, 18; e Daniel Enrique Laso, 8. A polícia acredita que todos moravam na mesma casa, mas não eram de uma única família.
De acordo com dados da ONG Gun Violence Archive, que acompanha a violência armada nos EUA desde 2013, na primeira metade de 2022 10.260 pessoas foram mortas por armas de fogo no país, ou uma pessoa a cada 26 minutos.
É um número que vem aumentando ano após ano. Em 2014, foram 12.352. Em 2021, 20.944. Assim como o total de vítimas, também cresce a cada ano o número de feridos a tiros: 86% de 2014 a 2021.
O democrata Biden propôs a proibição da venda de armas semiautomáticas com cartuchos de alta capacidade e o aumento da idade mínima para a compra desses armamentos, de 18 para 21 anos. Ele não conseguiu avançar com os projetos e ainda sofreu reveses: a Suprema Corte, de maioria conservadora, decidiu que o porte de armas em público não pode ser restringido por leis estaduais, abrindo espaço para que mais pessoas armadas circulem pelas ruas.
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