Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Mercenários transferem posições em atual epicentro da Guerra da Ucrânia para Exército russo

Para Moscou, cidade de Bakhmut pode servir de trampolim para conquistar região leste do país ora invadido

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Dias após anunciar a tomada de Bakhmut, o fundador do grupo paramilitar russo Wagner, Ievguêni Prigojin, começou a passar algumas porções da cidade ucraniana para o controle do Exército da Rússia.

"Até 1º de junho, a maior parte será transferida para as bases da retaguarda. Estamos entregando as posições, a munição e tudo que há nelas aos militares", disse Prigojin em vídeo divulgado nesta quinta.

O anúncio foi confirmado pela vice da Defesa ucraniana, Hanna Maliar. Segundo ela, o Exército russo está substituindo a milícia no entorno de Bakhmut, ainda que os mercenários permaneçam dentro da cidade.

Bakhmut, no leste da Ucrânia, começa a ser entregue ao Exército russo
Bakhmut, no leste da Ucrânia, começa a ser entregue ao Exército russo - Tyler Hicks - 19.mai.23/The New York Times

A Rússia recebe a cidade no leste da Ucrânia em ruínas. Nos últimos meses, Bakhmut foi palco das mais sangrentas batalhas em território europeu desde a Segunda Guerra Mundial, o que rendeu a Moscou sua primeira grande conquista em meses durante o conflito que começou em fevereiro do ano passado.

Na semana passada, Kiev negou que a cidade tivesse sido tomada pelo Grupo Wagner, uma empresa militar russa que recruta milhares de detentos em prisões para atuarem como mercenários na Ucrânia. Os russos afirmam que a tomada do território, que chamam de Artiomovsk, nome que tinha na época da União Soviética, pode servir de trampolim para avançar no Donbass, região no leste ucraniano.

Kiev, porém, segundo seus militares, ainda luta na cidade, e o país afirma que as tropas de Moscou perderam 20 km quadrados ao norte e ao sul de Bakhmut para as forças ucranianas. Serhii Tcherevatii, porta-voz do comando militar do leste da Ucrânia, disse que o número de ataques russos na área caiu nos últimos três dias e que houve dois confrontos militares nas últimas 24 horas. "Podemos definitivamente notar uma redução nas ofensivas", afirmou o militar. "É claro que impusemos perdas pesadas."

O conflito acontece antes de uma esperada contraofensiva ucraniana, após o recebimento de armas e de treinamento de países ocidentais nos últimos meses. Aliados seguem enviando munições periodicamente —nesta quarta (24), foi a vez da Coreia do Sul, de acordo com o americano The Wall Street Journal.

Após resistência inicial em armar a Ucrânia, Seul enviou centenas de milhares de projéteis de artilharia por meio de Washington. Segundo a reportagem, a Coreia do Sul chegou a um acordo sigiloso com os Estados Unidos para transportar a artilharia pedida pelos americanos, que a entregariam à Ucrânia. Casa de uma importante indústria bélica, o país asiático havia descartado até agora o envio de ajuda letal à Ucrânia, citando laços comerciais com a Rússia e a influência de Moscou sobre a Coreia do Norte.

O porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul, Jeon Ha-kyu, disse nesta quinta que estava em negociações com o Pentágono para as exportações de munição, mas que havia "partes imprecisas" no texto do jornal. "Houve várias discussões e pedidos, e nosso governo tomará as medidas apropriadas enquanto analisa de forma abrangente a guerra e a situação humanitária na Ucrânia", afirmou Jeon.

Durante a cúpula do G7, no último fim de semana, o presidente dos EUA, Joe Biden, manifestou apoio ao plano de criar um esforço internacional para treinar pilotos ucranianos em caças avançados, incluindo jatos F-16, aeronave de combate que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pede a seus aliados.

Uma das preocupações americanas, porém, é a de que os caças possam ser usados para atingir alvos em territórios russos, o que teria potencial de escalar o conflito. Na última segunda (22), grupos anti-Putin ficaram mais de 24 horas em uma cidade russa próxima à fronteira com a Ucrânia, na região de Belgorodo, antes de serem expulsos do país —autoridades da Rússia afirmam que os agressores eram ucranianos, enquanto Kiev diz que os atos são de responsabilidade de grupos armados russos anti-Kremlin.

Nesta quinta-feira, o Serviço Federal de Segurança (FSB), correspondente ao KGB da União Soviética, disse ter detido dois sabotadores ucranianos. De acordo com autoridades russas, eles planejavam explodir linhas de energia para constranger o país na véspera do feriado do Dia da Vitória, no início de maio, quando é comemorada a derrota da Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial.

"O plano dos serviços especiais ucranianos era provocar o fechamento dos reatores, interromper a operação das usinas nucleares e causar sérios danos à economia e à reputação da Federação Russa", disse o FSB em um comunicado. Os acusados podem ser condenados a até 20 anos de prisão.

A agência disse que eles foram recrutados em 2022 pelo serviço de inteligência da Ucrânia e receberam treinamento especial antes de entrarem na Rússia via Polônia e Belarus. "Os réus confessaram ter cooperado com o serviço de inteligência da Ucrânia para cometer sabotagem no território da Rússia."

De sua parte, Zelenski afirmou nesta quinta que a Rússia segue aterrorizando a Ucrânia, com uma ação com 36 drones de fabricação iraniana na última noite. "Nenhum atingiu o alvo", disse ele, ao elogiar a defesa antiaérea do país. "O inimigo pretendia atingir infraestrutura crucial e áreas militares no sul."

Com Reuters e AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.