Descrição de chapéu África

ONU diz temer que conflito no Sudão se estenda devido a cenário de disputas étnicas

Nova tentativa de trégua fracassa, e mais de mil pessoas já foram mortas no país africano

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São Paulo

A ONU alertou nesta segunda-feira (22) que disputas étnicas no Sudão podem prolongar o conflito iniciado há pouco mais de um mês. Os combates entre as forças do Exército e do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido já mataram ao menos mil pessoas.

"A crescente etnicização do conflito ameaça prolongá-lo", disse o chefe da ONU no Sudão, Volker Perthes. "Em algumas partes do país, os confrontos se transformaram em tensões comunitárias ou desencadearam conflitos entre comunidades."

Coluna de fumaça preta em Cartum, a capital do Sudão
Coluna de fumaça preta em Cartum, a capital do Sudão - 17.mai.23/AFP

As partes envolvidas no conflito anunciaram uma nova tentativa de acordo de cessar-fogo, que deveria ter entrado em vigor na tarde desta segunda-feira para a chegada de ajuda humanitária. No entanto, novos combates foram registrados ao longo do dia.

A ONU confirmou combates e movimentos de tropas durante todo o dia, apesar do acordo de cessar-fogo. Depois da entrada em vigor da trégua às 16h45 (horário de Brasília), enfrentamentos seguiam no nordeste da capital, Cartum, segundo testemunhas.

Preocupado com a questão humanitária, Volker Perthes, da ONU, fez um apelo ao Exército e aos paramilitares para que cumpram a trégua. Várias tentativas de cessar-fogo já fracassaram desde que o conflito teve início, em 15 de abril.

Os confrontos colocam em lados opostos o general Fatah al-Burhan, do Exército, e o também general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti, que comanda o grupo paramilitar. Representantes dos dois grupos teriam concordado com a nova tentativa de cessar-fogo, mediada por autoridades dos EUA e da Arábia Saudita.

"Continuo pedindo às partes que cumpram este acordo assinado há dois dias. Este é um avanço bem-vindo, embora os combates e os movimentos de tropas tenham continuado ao longo do dia."

O conflito no país africano já superou a marca de 1 milhão de pessoas deslocadas. O número foi divulgado na semana passada pelo Acnur, a agência da ONU para refugiados.

Aproximadamente 840 mil pessoas foram forçadas a se deslocar internamente, enquanto outras 250 mil tiveram de deixar o país, de acordo com Matthew Saltmarsh, porta-voz da organização.

Até agora, o Egito foi a nação que mais recebeu refugiados sudaneses: 110 mil pessoas desde o início dos combates. Outros países vizinhos, entre os quais Chade, Etiópia e Sudão do Sul, também receberam refugiados.

No início do mês, a ONU alertou que o número de deslocados estava criando uma crise humanitária que poderia se estender para outras nações já sobrecarregadas de problemas internos.

Perthes também disse estar "horrorizado com os relatos de violência sexual contra mulheres e meninas, incluindo denúncias de estupro em Cartum e em Darfur", no oeste do país. Cerca de 860 civis, incluindo 190 crianças, morreram desde o início do conflito, e 3.500 civis ficaram feridos, conforme dados citados por Perthes nesta segunda-feira.

Com AFP

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