Descrição de chapéu Folhajus América Latina

USP vai exibir 'Argentina, 1985' com promotor retratado no filme

Luis Moreno Ocampo foi responsável por colocar na prisão generais da última ditadura militar do país vizinho

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São Paulo

A USP vai exibir na próxima terça-feira (16) o filme "Argentina, 1985" ao lado de um dos personagens retratados na obra, o advogado Luis Moreno Ocampo, responsável por colocar na prisão generais da última ditadura militar do país vizinho.

Dirigido por Santiago Mitre, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria, o longa narra o trabalho de reunir provas para condenar os membros do regime que governou o país entre 1976 e 1983. Estima-se em até 30 mil o número de mortos e desaparecidos na ditadura argentina.

No debate após a exibição do filme estarão também os professores da universidade Marcos Napolitano, de história, e Pedro Dallari, de relações internacionais.

Ricardo Darín e Peter Lanzani em cena do filme "Argentina, 1985", de Santiago Mitre
Peter Lanzani e Ricardo Darín em cena do filme 'Argentina, 1985', de Santiago Mitre - Divulgação

Ocampo atuou como procurador-assistente nesse processo histórico, que ficou conhecido como Julgamento das Juntas, ao lado de Julio César Strassera, figura central do filme. O longa mostra como o protagonista, um funcionário público sem atuação relevante nos anos de chumbo, tornou-se um dos rostos da retomada democrática argentina.

No papel do promotor principal está Ricardo Darín, enquanto Ocampo é interpretado por Peter Lanzani. Com outras autoridades, eles reúnem uma equipe de jovens que viaja pelo país em busca de torturados e parentes de desaparecidos que possam testemunhar na corte. Apenas meses após o fim do regime, o sistema judiciário argentino se tornou o único da América Latina a julgar e condenar seus torturadores.

Em entrevista à Folha em janeiro, Ocampo afirmou que o Julgamento das Juntas foi o primeiro e, por isso, o mais importante de sua carreira. Ele disse ter tirado lições importantes do processo. "Um julgamento assim tem várias frentes. Uma é ganhar o caso diante dos juízes. Outra é a comunicação, é preciso comunicar com o público para obter apoio", diz.

"Na nossa tarefa como promotores, o desafio foi como transformar relatos em evidência jurídica, que permitissem mostrar a conexão entre milhares de crimes de sequestro, tortura e homicídio e o governo, como conectá-los com os comandantes", conta.

Ao fim do Julgamento das Juntas, em 1985, Ocampo continuou trabalhando como promotor em outros casos envolvendo militares e, em 2003, enquanto dava aulas na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, foi eleito primeiro procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional.

O êxito do filme, em sua opinião, está relacionado ao momento político global. "A democracia está sob fogo nos Estados Unidos, no Brasil, na Europa, em muitos lugares. O filme tem justamente um impacto mundial por isso. Estamos vivendo um século 21, quando nossos sistemas democráticos precisam se revitalizar e se rejuvenescer", disse durante a entrevista.

Argentina, 1985, no Cinusp

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