Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

Zelenski diz que Ucrânia ainda precisa de mais tempo para iniciar contraofensiva

Declaração se dá em momento de escalada de tensões com a Rússia, que retomou ataques em massa contra país vizinho

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Kiev | AFP

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou nesta quinta (11) que seu Exército precisa de mais tempo para dar início a uma há muito aguardada contraofensiva contra a Rússia na guerra.

A declaração, feita em entrevista à emissora pública britânica BBC, ocorre em um momento em que as tensões entre os dois países voltaram a escalar —Moscou retomou nos últimos dias lançamentos em massa de mísseis sobre o território invadido e acusou os ucranianos de realizarem um ataque a drone na protegida sede do governo russo, o Kremlin, na semana passada, o que Kiev nega.

Bombeiros tentam extinguir fogo em casa destruída por míssil no vilarejo Malokaterinivka, na região de Zaporíjia, na Ucrânia - Reuters

"Com o que temos podemos seguir adiante e ter sucesso. Mas haveria muitas baixas, o que para mim é inaceitável. Então, temos que esperar", afirmou Zelenski. Seu ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, havia anunciado em abril que os preparativos para o contra-ataque estavam chegando ao fim. "O equipamento foi prometido, preparado e parcialmente entregue. Em termos gerais, estamos preparados", disse à época.

A ação militar busca recuperar áreas anexadas pela Rússia ilegalmente, as regiões de Donetsk e Lugansk, no leste, e Zaporíjia e Kherson, no sul —a capital da última, importante cidade portuária, foi reconquistada pelo Exército ucraniano em novembro, mas tem sido alvo de ataques aéreos cada vez mais sangrentos.

Para tal, as forças contam com munição e centenas de veículos blindados, equipamentos fornecidos por países ocidentais ao longo dos últimos meses. Em paralelo, milhares de soldados voltaram recentemente de uma série de treinamentos no Ocidente. Porém, não será desta vez que os potentes tanques Abrams prometidos pelos EUA serão vistos em campo —a entrega dos veículos está prevista para o final do ano.

Por outro lado, também nesta quinta-feira o Reino Unido anunciou a doação de mísseis de cruzeiro Storm Shadow a Kiev. No Parlamento, em Londres, o secretário de Defesa Ben Wallace afirmou, no entanto, que o armamento "não está no mesmo nível" de algumas armas russas. O míssil de cruzeiro russo Kalibr, por exemplo, tem "alcance de mais de 2.000 km, cerca de sete vezes superior ao do Storm Shadow", disse.

Há cerca de dez semanas, segundo analistas militares ouvidos pelo jornal The New York Times, as entregas de armas de aliados do Ocidente ainda estavam muito aquém do necessário para que Kiev pudesse começar a contraofensiva. Mas no final de abril passado o principal comandante militar da Otan, a aliança militar ocidental, o general americano Christopher Cavoli, disse em audiência no Congresso dos EUA que a Ucrânia já havia recebido 98% dos veículos de combate necessários para iniciar a batalha.

Enquanto isso, a cidade de Bakhmut, epicentro do conflito nos últimos meses, testemunhou um avanço ucraniano nesta quarta-feira (10). O retrocesso foi admitido pelo chefe do grupo mercenário Wagner, Ievguêni Prigojin, cujas tropas controlam a região, mas negado pelo Ministério da Defesa russo.

Em um áudio, Prigojin voltou a culpar as tropas de Vladimir Putin pelo recuo. Tido como um dos principais aliados do presidente, ele disse que a situação está se desenvolvendo "segundo o pior cenário possível".

"Todos os terrenos que tomamos com o sangue e a vida de nossos camaradas durante esses meses, avançando dezenas de milhares de metros por dia, agora estão sendo desperdiçados praticamente sem que lutemos por culpa daqueles que deveriam proteger nossos flancos."

Em um relatório diário sobre o conflito, o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), um think tank baseado nos Estados Unidos, disse que "problemas generalizados na capacidade de combate russa, intensificados pelos contínuos confrontos em Bakhmut, provavelmente estão restringindo de maneira considerável a capacidade das forças de Moscou de se defender de contra-ataques de Kiev".

Nesta quarta-feira, Putin assinou um decreto que convoca reservistas do país para treinamentos das Forças Armadas, da Guarda Nacional e do FSB, o Serviço Federal de Segurança, ainda neste ano.

Com The New York Times

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