Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Líder mercenário acusa Exército da Rússia de enganar Putin sobre Guerra da Ucrânia

Em novo vídeo que reforça série de críticas ao Kremlin, Prigojin diz que povo russo ficará furioso se Moscou perder conflito

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O líder do mercenário Grupo Wagner, Ievguêni Prigojin, voltou a reclamar nesta quarta-feira (10) da falta de munição para a Guerra da Ucrânia e acusou os comandantes do Exército de seu país de tentarem enganar o presidente Vladimir Putin sobre a real situação no conflito, em curso há 14 meses.

A mensagem foi divulgada em vídeo um dia após as celebrações em Moscou relacionadas ao Dia da Vitória, que marca o êxito dos Aliados contra a Alemanha nazista. Em discurso na praça Vermelha, Putin tentou incentivar os militares russos traçando paralelos entre os desafios atuais e aqueles com que as tropas soviéticas lidaram na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Ievguêni Prigojin, líder do mercenário Grupo Wagner
Ievguêni Prigojin, líder do mercenário Grupo Wagner - Iulia Morozova - 8.abr.23/Reuters

Mas a fala de Putin não diminuiu o descontentamento de Prigojin acerca do conflito. Irritado, o líder do Grupo Wagner até comentou a possibilidade de derrota russa na Ucrânia. Sem entrar em detalhes, disse que o povo "ficará furioso se a guerra for perdida" devido a informações enganosas transmitidas a Putin.

As brigas entre o grupo mercenário e os chefes da Defesa começaram no ano passado, quando Prigojin começou a acusá-los de incompetência e de privação de recursos devido a rusgas pessoais. Atualmente, tropas do Grupo Wagner concentram seus esforços em Bakhmut, epicentro dos combates na guerra.

Sem conseguir avanços e com pouca munição, contudo, Prigojin ameaçou retirar suas tropas da região, considerada um trampolim para a conquista de outras áreas do Donbass, no leste ucraniano. Na sexta, ele chegou a gravar um vídeo cercado de cadáveres para alertar sobre as baixas sofridas pelo grupo.

"Choigu! Gerasimov! Onde está a merda da munição?", grita ele no vídeo, referindo-se ao ministro da Defesa, Serguei Choigu, e ao chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov.

Dois dias depois, o líder mercenário disse ter recebido a promessa de que receberia mais munições e recuou na ameaça de ordenar a retirada de Bakhmut, apesar dos reveses recentes.

Do lado ucraniano, Serhii Tcherevatii, porta-voz das tropas no leste do país, disse que a situação continua difícil em Bakhmut, mas que Moscou tem sido cada vez mais forçado a usar as forças regulares devido às baixas no Grupo Wagner. "Para o inimigo, apesar de todo o ruído que Prigojin está tentando criar, [Bakhmut] ainda é a principal direção de ataque, o principal alvo cobiçado", afirmou Tcherevatii.

Já o coronel-general Oleksandr Sirskii, que chefia as forças terrestres da Ucrânia, disse que as unidades russas na região de Bakhmut recuaram até dois quilômetros após contra-ataques ucranianos. Até a semana passada, os russos ocupavam cerca de 80% da cidade.

A declaração foi ecoada pela vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar. Segundo ela, as forças ucranianas resistem ferozmente e não perderam uma única posição em Bakhmut nesta quarta-feira.

Durante o inverno europeu, a Ucrânia reforçou suas defesas. Agora, prepara um contra-ataque usando centenas de veículos blindados e tanques doados por aliados. Para tanto, contará com o reforço de milhares de soldados que voltaram recentemente de uma série de treinamentos no Ocidente.

Ao mesmo tempo, declarações de vários atores corroboram a hipótese de falta de munição do lado russo —algo que também afeta a Ucrânia em proporção diferente.

No último dia 2, Choigu pediu à estatal Tactical Missiles Corporation que dobre sua produção de mísseis. No mesmo dia, o Ministério da Defesa do Reino Unido informou que os problemas logísticos são centrais e que Moscou não tem munição suficiente. "A Rússia continua dando a mais alta prioridade à mobilização de sua indústria de defesa e ainda assim não consegue atender às demandas do tempo de guerra."

Com Reuters e AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.