Ao lado de Von der Leyen, Lula pede menos intervenção armada na Ucrânia

Líder da Comissão Europeia foi recebida em Brasília; brasileiro aponta seletividade em ações contra conflitos

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Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu mais diplomacia e menos intervenção armada para solucionar guerras e comparou o conflito na Ucrânia a outros mais longos, como os de Palestina e Iêmen.

Ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, com quem se reuniu durante uma hora no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (12), Lula criticou ainda, de maneira indireta, grandes potências ocidentais ao apontar uma suposta seletividade no combate às consequências das guerras.

"Precisamos de mais diplomacia e menos intervenções armadas na Ucrânia, na Palestina, no Iêmen. Os horrores da guerra e o sofrimento que ela provoca não podem ser tratados de forma seletiva. Os princípios basilares do direito internacional valem para todos", disse o presidente.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Palácio Do Planalto - Gabriela Biló/Folhapress

O Iêmen, um dos países mais pobres do mundo, vive há décadas uma guerra civil, influenciada pelas grandes potências do Oriente Médio, que armam os diferentes lados do conflito. Os rebeldes houthis, que ocuparam a capital, são patrocinados pelo Irã, enquanto a Arábia Saudita apoia o governo central do país.

A Palestina, por sua vez, disputa território com Israel desde a criação do Estado israelense, em 1948. A população palestina passa por uma série de crises, já descritas por entidades de defesa de direitos humanos como uma espécie de apartheid liderado por Tel Aviv.

Lula também voltou a afirmar que a solução para a Guerra da Ucrânia não pode se dar por ações militares —ele já criticou publicamente os Estados Unidos e a União Europeia ao afirmar que as potências estariam apenas prolongando o conflito ao apoiar Kiev por meio da entrega de armas e de equipamentos bélicos.

"A volta da guerra ao coração da Europa reflete a complexidade dos desafios dos tempos em que vivemos. Lembrei à presidente Von der Leyen que o Brasil votou a favor de resoluções na ONU que condenaram a invasão da Ucrânia pela Rússia", disse. "Reiterei nosso empenho em busca da paz, evitando a escalada da guerra e do uso da força e seus riscos incalculáveis. Não há solução militar para esse conflito."

Von der Leyen, por sua vez, disse que o impacto do conflito vai "muito além de fronteiras". "O Brasil pode ajudar a combater essa guerra. Queremos paz duradoura, abrangente e justa. Discutimos a fórmula do [presidente da Ucrânia Volodimir] Zelenski para a paz. O Brasil terá papel importante a desempenhar como presidente do próximo G20 e pode contar com todo o nosso apoio", disse, em sua declaração no Planalto.

Mais tarde, durante evento da Confederação Nacional da Indústria, a política alemã atacou mais duramente Moscou e responsabilizou o país governado por Putin pela guerra. Disse que a invasão russa foi um "ataque direto contra a ordem internacional". Von der Leyen afirmou ainda que os europeus desejam a paz no Leste da Europa, mas que é necessário se tratar de uma "paz justa", "que garanta os princípios da Carta da ONU e o direito do povo ucraniano de controlarem o próprio futuro", afirmou.

"Portanto, nosso ponto de partida para a paz deve ser baseado em uma ordem ancorada em regras e leis, que devemos lutar para defender. O povo ucraniano merece um fim ao seu sofrimento", complementou.

Na política externa, Lula tem tentado se posicionar como um potencial negociador para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia. O brasileiro tinha o objetivo de montar um "clube da paz", fórum de países vistos como neutros por Brasília que serviriam como facilitadores do diálogo entre Kiev e Moscou.

A neutralidade do Brasil, no entanto, começou a ser questionada, principalmente por lideranças ocidentais, devido a declarações do próprio Lula. Comentários equiparando responsabilidades entre Zelenski e Putin, por exemplo, fizeram os posicionamentos do brasileiro serem vistos como mais inclinados a Moscou.

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