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Melhor maneira de evitar uma guerra é mostrar que se pode ganhar, diz secretária do Exército dos EUA

Christine Wormuth manda recado à China e diz que presença de Pequim na América Latina também preocupa Washington

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Washington

Os EUA manterão exercícios militares no Pacífico como forma de dissuadir ambições expansionistas da China, incluindo uma invasão de Taiwan, afirmou a Secretária do Exército americano, Christine Wormuth.

"A melhor maneira de evitar uma guerra é mostrar que é capaz de ganhar qualquer guerra que tenha que lutar; é esse o foco que o Exército dos EUA deve ter", disse ela nesta terça (6) a jornalistas estrangeiros.

Navio da Marinha dos EUA transita no estreito de Taiwan
Navio da Marinha dos EUA transita no estreito de Taiwan - 27.ago.21/Marinha dos EUA via AFP

Em abril, os EUA fizeram com as Filipinas os maiores exercícios militares conjuntos da história dos países, com quase 18 mil soldados, no mar do Sul da China, área no Sudeste Asiático reivindicada por Pequim, após o regime chinês encerrar três dias de treinamentos que simularam um bloqueio aéreo a Taiwan.

"Nem EUA nem China querem uma guerra, seria contra os interesses dos países. Precisamos baixar a temperatura na região. Fico preocupada com o comportamento coercitivo e agressivo da China, então estamos focados em fortalecer a dissuasão. [A ideia é] garantir que todos os dias o presidente Xi [Jinping] e seus líderes seniores militares acordem e digam: ‘Hoje não é o dia de tomar Taiwan a força", afirmou.

Para ela, os exercícios mostram que os EUA têm capacidade de conduzir operações de investidas aéreas e de posicionar lançadores de mísseis com aliados na região. Esta, aliás, é uma das lições da Guerra da Ucrânia, afirmou Wormuth. "Se fosse para ter uma guerra, seria improvável que a China enfrentasse os EUA sozinhos, mas uma coalizão que vai além do Indo-Pacífico", disse a secretária, com tom de recado.

A preocupação militar com Pequim estende-se muito além do Pacífico. No fim de maio, a chefe do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA, general Laura Richardson, visitou o Brasil.

A secretária do Exército dos EUA, Christine Wormuth, durante audiência de um subcomitê do Senado - Kevin Dietsch - 10.mai.22/Getty Images/AFP

"Certamente nos preocupa a presença ostensiva da China na região [América Latina]", disse a secretária Wormuth à Folha, citando os incentivos econômicos oferecidos por Pequim. "Queremos garantir que os países da região entendam que somos [EUA] um parceiro muito confiável, com quem podem contar."

O foco maior das operações do Exército americano na América Central e do Sul é a ajuda humanitária e a atuação contra o tráfico de drogas, mas também há exercícios e treinamentos militares, disse.

Os militares brasileiros também têm resistência à presença chinesa, conforme mostrou reportagem da Folha. O chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, general Estevam Theophilo, convidou 34 países para participarem do 1º Seminário Internacional de Doutrina Militar Terrestre, entre os quais os EUA, mas não a China, até intervenção do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Christine Wormuth, 54, é uma civil no comando do Exército, como manda o regulamento americano, e responde ao Secretário de Defesa, Lloyd Austin. Com orçamento de US$ 185 bilhões (R$ 910 bilhões), a força tem cerca de 1 milhão de militares, entre os da reserva e os da ativa.

Fundado há 248 anos, o Exército americano tem homens e mulheres em 140 países, segundo ela —só na Europa, são 40 mil soldados, número que cresceu após o início da Guerra da Ucrânia.

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