Papa Francisco envia secretário pessoal de Bento 16 de volta para Alemanha

Georg Gaenswein tinha rusgas com argentino após relatar que tensões rondavam convivência do pontífice com antecessor

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Cidade do Vaticano | Reuters

O papa Francisco ordenou que o ex-secretário pessoal de Bento 16, o alemão Georg Gaenswein, figura controversa que tem rusgas com o pontífice, deixe o Vaticano e volte para a Alemanha, anunciou a Santa Sé em breve comunicado nesta quinta (15).

O anúncio ocorre pouco antes de Francisco, que passou por uma cirurgia abdominal e está hospitalizado em Roma, receber alta —o que está previsto para ocorrer na manhã desta sexta (16), no horário local.

O arcebispo Georg Gaenswein chega ao Vaticano
O arcebispo Georg Gaenswein chega ao Vaticano - Guglielmo Mangiapane/Reuters

No enxuto comunicado, que data originalmente de 28 de fevereiro, o papa sinaliza que Gaenswein, 66, concluiu seu tempo como prefeito da Casa Pontifícia e ordena que ele volte, por enquanto, à sua diocese de origem, a partir de 1º de julho. O texto, assim, deixa em aberto se o arcebispo receberá novos cargos.

Ao longo das últimas décadas, quase todos os ex-secretários pessoais de pontífices foram destinados a liderar novas dioceses, feitos cardeais ou designados a outros altos cargos. Também era ventilado, inclusive pela mídia local, que o alemão assumisse alguma embaixada.

Assim, a dúvida deixada por Francisco foi interpretada como uma espécie de banimento de Gaenswein, que foi secretário pessoal de Bento 16 desde 2003, quando o religioso ainda era conhecido como cardeal Joseph Ratzinger, até a sua renúncia, em 2013 —ele morreu em dezembro passado, aos 95 anos.

Gaenswein é nove anos mais novo em comparação à idade usual para a aposentadoria de bispos, aos 75 anos. Ao longo dos últimos anos, ele foi protagonista de desavenças com o papa Francisco, motivadas em especial por declarações públicas que deu sobre o dia a dia no Vaticano.

Pouco após a morte de Bento 16, em um livro intitulado "Nothing But The Truth — My Life Beside Benedict 16" (nada além da verdade —minha vida ao lado de Bento 16), que enviou a jornalistas, Gaenswein alegou que havia uma série de tensões na convivência entre Francisco e Bento 16.

Entre outras coisas, disse que o argentino, o primeiro papa latino-americano da história, havia "rompido o coração" de seu antecessor ao desencorajar que as missas fossem proferidas em latim. Gaenswein, natural da Baviera, assim como Bento 16, foi chamado a uma reunião a portas fechadas com Francisco. Procurado pela agência de notícias Reuters, ele se negou a comentar o comunicado do Vaticano.

O jornal alemão Welt, no início do mês, já havia informado que Francisco comunicara a Gaenswein sobre seu retorno à Alemanha durante reunião privada em maio. Segundo a publicação, o papa teria dito que há uma tradição de que os secretários de papas falecidos não permanecessem em Roma.

O veículo procurou a arquidiocese de Freiburg, que, com cerca de 1,8 milhão de fiéis, é uma das maiores entre as 27 da Alemanha, para ventilar as possíveis novas tarefas que Gaenswein assumirá. Um porta-voz disse que isso será tema de "considerações futuras". O local é liderado pelo arcebispo Stephan Burger.

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