Em discurso para milhares de apoiadores, o ex-presidente dos EUA Donald Trump lançou, neste sábado (10), uma série de críticas a opositores e promotores do caso no qual foi indiciado dois dias antes. Trata-se da primeira vez que o republicano aparece em público desde então.
Trump disse considerar que o atual estágio do processo é a "batalha final" contra o que ele chamou de forças corruptas dos EUA. Ele também reforçou sua campanha para se tornar candidato à Casa Branca nas eleições do ano que vem –hoje, Trump é o favorito para ganhar as primárias do Partido Republicano.
"Ou os comunistas vencem e destroem os EUA ou nós destruímos os comunistas", disse, em referência aos democratas. Também fez comentários semelhantes sobre o "Deep State", termo conspiracionista que usa para falar das agências de inteligência ou qualquer outro setor do governo que encare como rival.
Ele também protestou contra "globalistas", "belicistas" e "a classe política doente que odeia nosso país". O discurso ocorreu na cidade de Columbus, na Geórgia, numa antiga fábrica de morteiros, armas e canhões.
Trump ainda comparou o governo do presidente Joe Biden ao regime soviético de Josef Stálin. Segundo o republicano, o democrata orquestrou as acusações criminais a que responde para minar sua campanha.
"Biden está tentando prender seu principal oponente político –um oponente que o está derrotando muito nas pesquisas–, assim como faziam na Rússia stalinista ou na China comunista", disse. "A acusação ridícula e infundada contra mim pelo departamento armado de injustiça do governo Biden ficará entre os abusos de poder mais horríveis da história de nosso país." De acordo com o agregador de pesquisas do portal FiveThirtyEight, Biden tem hoje 43% das intenções de voto, contra 41% de Trump.
O republicano está sendo investigado pelo Departamento de Justiça, órgão federal, mas não há evidências de que o atual presidente tenha influenciado a acusação. O departamento afirma que suas decisões são tomadas sem levar em conta a política partidária, e Biden disse que não se envolveria na investigação.
Na quinta-feira, o ex-presidente foi denunciado por ter mantido documentos confidenciais do governo após deixar a Casa Branca. Ele é alvo de 37 acusações, e entre os documentos em questão, segundo o Departamento de Justiça, estavam alguns com segredos de segurança sensíveis do país.
Os promotores alegam que o ex-presidente reteve materiais, incluindo documentos sobre o programa nuclear dos EUA e vulnerabilidades domésticas a um possível ataque. A acusação de 49 páginas detalhou dois casos em que Trump teria compartilhado informações secretas com pessoas não autorizadas a recebê-las, bem como esforços para obstruir os investigadores que buscam recuperar os materiais.
Essa é a primeira vez que um ex-presidente dos EUA é indiciado por um crime federal. Trump deve se apresentar a um tribunal federal em Miami na terça (13), quando as acusações serão formalizadas.
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