Palestina detém membros do Jihad Islâmico após Israel criticar inação ante ataques

Dez militantes do grupo armado foram presos desde incursão de Tel Aviv a Jenin que terminou com 13 mortos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A organização armada Jihad Islâmico afirmou que cinco de seus membros foram presos pela Autoridade Palestina durante a noite deste domingo (16). As detenções elevam para dez o número total de militantes do grupo capturados pelo órgão desde que Israel realizou uma incursão à Cisjordânia ocupada, há duas semanas, na maior ação do tipo realizada por Tel Aviv em quase duas décadas.

As prisões ocorrem no momento em que a Autoridade Palestina enfrenta críticas e pressão crescente por parte de Israel, que acusa a organização, concebida como um governo de transição até o estabelecimento de um Estado palestino na área, de ser incapaz de controlar as facções armadas em seus territórios.

O Jihad Islâmico é classificado de terrorista pela UE e por países como os EUA, além, claro, de Israel.

O líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, discursa em Jenin uma semana após operação de Israel - Nidal Eshtayeh - 12.jul.23/Xinhua

O estopim foi uma incursão israelense ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada. A operação gerou a morte de 12 palestinos e de um soldado de Israel, deixou cerca de cem feridos e se desdobrou em confrontos na Faixa de Gaza e num ataque terrorista do grupo Hamas em Tel Aviv.

A área e os 18 mil refugiados que ela abriga estão no centro de uma escalada de violência na região, onde 221 pessoas foram mortas desde o início do ano —192 das quais palestinas, segundo a agência AFP.

Após o fim da operação israelense, a Autoridade Palestina foi alvo de críticas dos moradores do campo. Parte deles considera o autogoverno fraco e o acusa de não fazer o bastante para deter as ações de Israel. Por outro lado, o governo temporário afirma que Tel Aviv mina sua autoridade a todo tempo, o que impossibilita agir e criar a base para um futuro Estado palestino.

Na ocasião, vídeos mostraram centenas de manifestantes atirando pedras contra o muro de cinco metros de altura que cerca a sede local da autoridade em Jenin. No mesmo dia, três membros da administração foram expulsos pela multidão que participava do funeral de dez dos mortos. Pesquisas mostram que cerca de 80% dos palestinos são a favor da renúncia de Mahmoud Abbas, 87, que lidera o órgão.

Nesta segunda (17), o porta-voz do Jihad Islâmico, Daoud Shehab, disse que o grupo negocia com "pessoas racionais" do Fatah, movimento liderado por Abbas, a libertação dos presos.

No plano interno, Israel lida com a reação popular massiva a uma reforma judicial proposta pela coalizão que governa o país, a mais à direita de sua história. A mudança é apontada por opositores e especialistas como um instrumento que, ao enfraquecer o Judiciário, colocaria em risco a democracia da nação.

Também nesta segunda-feira (17), véspera de mais uma grande manifestação marcada pelos opositores da reforma, o presidente dos EUA, Joe Biden, enfim convidou o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, para uma visita oficial à Casa Branca, em Washington —a primeira desde que o israelense voltou ao poder, no final do ano passado. O aceno é simbólico porque a maioria dos primeiros-ministros israelenses já havia recebido um convite para ir à Casa Branca a essa altura de seus respectivos mandatos.

De acordo com o gabinete do premiê israelense, os dois líderes compartilharam uma "longa e calorosa" conversa, na qual abordaram as ameaças do Irã e o fortalecimento das relações entre os dois países. Segundo o comunicado, Netanyahu não deixou de lado a reforma judicial, afirmando a Biden na ligação que tentaria formar um "amplo consenso público" acerca da legislação.

Aliado de longa data dos EUA, Israel tem sofrido críticas de Washington e de outras potências ocidentais em razão de sua insistência em expandir os assentamentos na Cisjordânia num momento de tensão crescente. No começo do ano, as chancelarias de Alemanha, França, EUA, Itália e Reino Unido emitiram uma nota conjunta afirmando que a crise entre israelenses e palestinos seria exacerbada pela medida.

Com Reuters

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.