Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Zelenski leva de volta à Ucrânia comandantes neonazistas após Turquia romper acordo

Batalhão Azov é alvo da 'desnazificação' propalada por Putin, ainda que não seja maioria do Exército nem integre governo

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São Paulo

O presidente Volodimir Zelenski buscou e levou de volta para a Ucrânia cinco comandantes do Batalhão Azov, um grupo paramilitar neonazista, depois de eles serem libertados pela Turquia, no sábado (8), onde estavam detidos desde setembro sob um acordo de troca de prisioneiros pactuado com a Rússia.

"Estamos voltando da Turquia trazendo nossos heróis de volta", disse o líder ucraniano, que se encontrou com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, para conversas em Istambul, na sexta-feira (7).

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, durante evento para celebrar a volta de comandantes do Batalhão Azov, em Lviv
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, durante evento para celebrar a volta de comandantes do Batalhão Azov, em Lviv - Presidência da Ucrânia via AFP

Em cerimônia ao lado dos comandantes na cidade de Lviv, o presidente ucraniano, sem dar explicações sobre por que os membros do Azov foram autorizados a voltar, agradeceu a Erdogan por ajudar a garantir a libertação do grupo. Zelenski afirmou ainda que, antes da guerra, "muitas pessoas não entendiam quem somos, quem vocês são, o que esperar de nós e quem são nossos heróis". "Agora todos entendem."

Denis Prokopenko, um dos comandantes do batalhão, disse que os combatentes se juntariam novamente às linhas de frente na Ucrânia, de acordo com declarações em um vídeo postado no Twitter. A volta dos combatentes aconteceu no dia em que Guerra da Ucrânia completou a marca de 500 dias.

Os comandantes ficaram conhecidos após liderarem, no ano passado, a resistência ao cerco russo de três meses a Mariupol, no sul da Ucrânia. Milhares de civis foram mortos na cidade, hoje reduzida a ruínas.

Lá, os membros do Azov permaneceram em túneis e bunkers sob a usina Azovstal, até se renderem em maio do ano passado, depois de ordens de Kiev. Moscou libertou alguns deles em setembro, em uma troca de prisioneiros intermediada por Ancara, sob a condição de que ficassem na Turquia até o fim da guerra.

No sábado (8), o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que Ancara violou os termos do acordo e que o país não foi comunicado sobre a ação. Ele disse ainda que a libertação é resultado de uma forte pressão dos aliados da Turquia na Otan, a aliança militar ocidental, antes da cúpula marcada para terça (11) e quarta-feira (12), na qual a Ucrânia espera receber um sinal positivo sobre uma possível adesão.

Neste domingo, os ministros das Relações Exteriores de Rússia e Turquia falaram por telefone para discutir a controversa libertação, e as chancelarias de ambos os países divulgaram que Serguei Lavrov e Hakan Fidan também abordaram a situação do conflito na Ucrânia em geral, além do pacto de grãos do Mar Negro, que liberou os bloqueios russos a portos ucranianos.

A existência de grupos como o Azov é usada pelo Kremlin para reforçar a falsa justificativa de que a guerra que promove na Ucrânia atende à necessidade de, entre outras razões, "desnazificar" o país.

Acadêmicos que acompanham a região afirmam que há uma tolerância do governo local com grupos como o Batalhão Azov —o que, para estudiosos, não significa que o Estado ucraniano seja nazista ou mesmo um dos países que mais têm presença de extremistas. Zelenski, por exemplo, é judeu.

Seja como for, o emblema do Azov é o "Wolfsangel", símbolo heráldico alemão inspirado em armadilhas medievais de caça a lobos e foi utilizado pelas SS nazistas, inclusive por sua segunda divisão de combate.

Com Reuters

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