Uma cidade no Kansas se tornou um campo de batalha em torno da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão no país, depois de a força policial local e os delegados do condado invadirem a Redação do jornal Marion County Record.
Batidas policiais em veículos de notícia são muito raras no país, que tem um longo histórico de proteções legais a jornalistas. No Record, um jornal familiar com circulação de cerca de 4.000 exemplares, a polícia apreendeu computadores, servidores e celulares de repórteres e editores. A casa do dono da publicação e editor semiaposentado, bem como a residência de um vereador, também foram revistadas.
As buscas, realizadas na sexta (11), parecem estar ligadas a uma investigação sobre como um documento com informações sobre o dono de um restaurante local chegou ao jornal –e se a privacidade dele foi violada no processo. O editor do jornal, porém, disse que os ataques podem ter mais a ver com as tensões entre o veículo e as autoridades da cidade, de cerca de 2.000 habitantes, ligadas a notícias anteriores.
"Há muita tensão saudável entre governo e jornais, mas isto?", disse Emily Bradbury, diretora-executiva da Associação de Imprensa do Kansas, para quem a incursão é um perigoso ataque à liberdade de imprensa.
O dono e editor do jornal, Eric Meyer, nega que o Record tenha feito algo de errado. Do outro lado, em um email, o chefe de polícia de Marion, Gideon Cody, defendeu a ação policial.
"Quando o resto da história estiver disponível ao público, o sistema judicial que está sendo questionado será explicado", disse Cody. Ele se recusou a discutir a investigação em detalhes.
No domingo, mais de 30 organizações de notícias e defensores da liberdade de imprensa, incluindo The New York Times, The Washington Post e o grupo Dow Jones, editor do Wall Street Journal, assinaram uma carta do Comitê de Repórteres para a Liberdade de Imprensa destinada a Cody, condenando o ataque.
O Marion County Record é extraordinariamente agressivo para seu tamanho. Meyer disse que o jornal, que tem sete funcionários, alimentou a ira de alguns líderes locais em razão de suas reportagens vigorosas sobre as autoridades do condado, inclusive fazendo perguntas sobre o histórico trabalhista de Cody.
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