Batida policial em jornal do Kansas gera preocupações sobre liberdade de imprensa

Operação nos EUA apreendeu computadores, servidores e celulares de repórteres e editores

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Steven Lee Myers Benjamin Mullin
The New York Times

Uma cidade no Kansas se tornou um campo de batalha em torno da Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que garante a liberdade de expressão no país, depois de a força policial local e os delegados do condado invadirem a Redação do jornal Marion County Record.

Batidas policiais em veículos de notícia são muito raras no país, que tem um longo histórico de proteções legais a jornalistas. No Record, um jornal familiar com circulação de cerca de 4.000 exemplares, a polícia apreendeu computadores, servidores e celulares de repórteres e editores. A casa do dono da publicação e editor semiaposentado, bem como a residência de um vereador, também foram revistadas.

Fachada da Redação do jornal The Marion County Record, em Marion, no estado do Kansas, nos EUA
Fachada da Redação do jornal The Marion County Record, em Marion, no estado do Kansas, nos EUA - Chase Castor/The New York Times

As buscas, realizadas na sexta (11), parecem estar ligadas a uma investigação sobre como um documento com informações sobre o dono de um restaurante local chegou ao jornal –e se a privacidade dele foi violada no processo. O editor do jornal, porém, disse que os ataques podem ter mais a ver com as tensões entre o veículo e as autoridades da cidade, de cerca de 2.000 habitantes, ligadas a notícias anteriores.

"Há muita tensão saudável entre governo e jornais, mas isto?", disse Emily Bradbury, diretora-executiva da Associação de Imprensa do Kansas, para quem a incursão é um perigoso ataque à liberdade de imprensa.

O dono e editor do jornal, Eric Meyer, nega que o Record tenha feito algo de errado. Do outro lado, em um email, o chefe de polícia de Marion, Gideon Cody, defendeu a ação policial.

"Quando o resto da história estiver disponível ao público, o sistema judicial que está sendo questionado será explicado", disse Cody. Ele se recusou a discutir a investigação em detalhes.

No domingo, mais de 30 organizações de notícias e defensores da liberdade de imprensa, incluindo The New York Times, The Washington Post e o grupo Dow Jones, editor do Wall Street Journal, assinaram uma carta do Comitê de Repórteres para a Liberdade de Imprensa destinada a Cody, condenando o ataque.

O Marion County Record é extraordinariamente agressivo para seu tamanho. Meyer disse que o jornal, que tem sete funcionários, alimentou a ira de alguns líderes locais em razão de suas reportagens vigorosas sobre as autoridades do condado, inclusive fazendo perguntas sobre o histórico trabalhista de Cody.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.