O rei da Espanha, Felipe 6º, autorizou nesta terça-feira (22) o líder do Partido Popular (PP), Alberto Feijóo, de direita, a se apresentar ao Parlamento na tentativa de angariar apoio para compor um governo.
A permissão é o primeiro passo para que ele assuma o poder —embora esse caminho tenha obstáculos conhecidos desde julho, quando sua sigla conquistou o maior número de cadeiras no Parlamento.
O maior deles é a insuficiência de alianças para alcançar maioria na Casa. Nas eleições, o PP conquistou 136 cadeiras, ante 122 do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), legenda liderada pelo atual premiê, o esquerdista Pedro Sánchez. Mesmo depois de firmar uma coalizão com o ultradireitista Vox, o PP só angariou 172 cadeiras, quatro a menos do que o necessário para formar um governo.
Em comunicado, o Palácio Real afirmou que, "com exceção da nona legislatura, em todas as eleições gerais desde o estabelecimento da Constituição, o candidato do grupo político que obteve mais assentos" foi o primeiro a ter sua tentativa de formar governo autorizada pelo rei. A nota afirma também que, se Feijóo não obtiver o aval do Parlamento, Felipe fará "sucessivas propostas".
Se nenhum candidato obtiver maioria dentro de dois meses após a primeira votação, o Parlamento é destituído, e novas eleições, convocadas. "Daremos voz aos mais de 11 milhões de cidadãos que desejam mudança, estabilidade e moderação com um governo que defenda a igualdade de todos os espanhóis", escreveu Feijóo em seu perfil no X, o ex-Twitter. Ele também agradeceu ao rei, que é o chefe de Estado espanhol, por sua decisão, tomada após consultas a representantes de ambos os partidos majoritários.
Na última quinta-feira (17), o PSOE conseguiu eleger a deputada Francina Armengol para a Presidência do Parlamento, amealhando 178 votos para a candidata. Enquanto isso, o PP viu a direita se fragmentar ao obter apenas 139 votos —o Vox escolheu seu próprio nome, retirando seus 33 votos da legenda.
De 2015 até junho deste ano, Armengol foi líder das Ilhas Baleares, região de língua catalã onde governou em coalizão com partidos menores de esquerda. Assim, sua eleição à Presidência do Parlamento foi vista como um aceno para os grupos independentistas, cruciais para uma eventual nova gestão Sánchez.
Mais cedo na terça, o atual premiê informou que se reuniu com o rei para apresentar a disposição de assumir o governo e afirmou acreditar que seu partido será capaz de "reunir o apoio parlamentar necessário". "Oferecemos a estabilidade política, social e econômica que demanda nosso país."
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