Esquerda leva Presidência do Parlamento da Espanha, e Sánchez fica mais perto de formar governo

Partido do premiê aliou-se a legendas separatistas para eleger a deputada Francina Armengol, enquanto direita se dividiu

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Madri | Reuters

O partido do premiê da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, conseguiu nesta quinta (17) a Presidência do Parlamento após conquistar o apoio de legendas separatistas catalãs. O feito é o primeiro passo para ele tentar formar um novo governo depois de o Legislativo ficar dividido com as eleições de julho no país.

Francina Armengol, do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), foi nomeada líder da Casa com 178 votos, enquanto o candidato do conservador PP (Partido Popular) obteve 139. O ultradireitista Vox, em coalizão com o PP em várias regiões, votou em seu próprio candidato, Ignacio Gil, que levou 33 votos.

A socialista Francina Armengol é eleita presidente do Parlamento espanhol, em Madri - Javier Soriano/Reuters

Ao contrário da direita, que se dividiu, todos os grupos de esquerda, além dos nacionalistas catalães, bascos e galegos, votaram em Armengol —incluindo o Juntos pela Catalunha, o mais linha-dura deles. A votação, que acabou após horas de negociações calorosas, foi vista como um termômetro da força dos blocos de esquerda e de direita em meio às negociações para formar um governo.

Sánchez, que assumiu o poder pela primeira vez em 2018, governa a Espanha desde o início de 2020.

Em julho, o PP, liderado pelo senador Alberto Núñez Feijóo, ganhou mais assentos do que o PSOE, mas não garantiu uma maioria absoluta e precisa contar com o Vox para conseguir formar um eventual novo governo. Já os socialistas, embora tenham conquistado o segundo maior número de assentos, vão tentar formar um governo com o apoio da coalizão de esquerda Sumar e uma rede de partidos menores.

De 2015 até junho deste ano, Armengol foi líder das Ilhas Baleares, região de língua catalã onde governou em coalizão com partidos menores de esquerda. Por isso, sua candidatura à Presidência do Parlamento foi vista como um aceno para os grupos catalão, basco e galego.

Ainda assim, os socialistas aparentemente precisarão fazer mais rodadas de negociação para convencer esses partidos a apoiar a formação de um governo. O líder do ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), Gabriel Rufian, disse em entrevista coletiva que, embora seu partido tenha votado em Armengol, isso não implicava apoio à formação de um governo de Sánchez.

Em um comunicado, a legenda disse que obteve várias concessões, incluindo um acordo para usar o catalão como língua oficial em instituições espanholas como o sistema de Justiça e o Parlamento.

O PSOE também teria concordado com a criação de uma comissão para investigar a suposta invasão hacker nos celulares de líderes separatistas catalães e com o "fim da repressão" dos tribunais espanhóis contra os envolvidos na tentativa fracassada de 2017 de separar a Catalunha da Espanha.

O Juntos pela Catalunha, por sua vez, não disse que acordos fez, mas suas condições para apoiar Sánchez são a permissão para um novo referendo de independência e uma anistia a separatistas que enfrentam acusações legais, incluindo o ex-presidente catalão Carles Puigdemont, hoje exilado na Bélgica.

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