Descrição de chapéu América Latina

Substituto de candidato assassinado no Equador relata ameaça de morte

Usuário com nome de organização criminosa comentou nas redes sociais do agora líder de chapa

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Quito | AFP

Em mais um caso que alimenta o ambiente de insegurança em torno dos postulantes à Presidência do Equador, Christian Zurita, que substituiu o candidato assassinado Fernando Villavicencio nas eleições deste domingo (20), disse na noite de sábado, ter recebido nas redes sociais uma ameaça de morte.

Segundo o partido de Zurita, o Movimiento Construye, o usuário "Cartel Jalisco N, G" deixou um comentário no perfil do candidato no TikTok com a mensagem "Cristian treme". O Cartel Jalisco Nova Geração é uma das maiores facções criminosas do Equador e foi responsável por vários assassinatos no país. O perfil do usuário foi desativado, e é incerto se ele de fato está atrelado à organização criminosa.

O candidato presidencial do Equador Christian Zurita gesticula enquanto usa um capacete balístico e uma camiseta com a imagem do candidato assassinado Fernando Villavicencio, durante comício de encerramento da campanha, em Quito
O candidato presidencial do Equador Christian Zurita gesticula durante comício de encerramento da campanha, em Quito - Henry Romero - 17.ago.23/Reuters

"As ameaças contra minha vida e minha equipe não vão nos parar, mas nos obrigam a adotar protocolos de segurança maiores para evitar os duros acontecimentos que vivemos no dia 9 de agosto", postou Zurita na plataforma X, o ex-Twitter, em referência à data da morte do ex-líder de chapa.

"Este fato requer urgente e imediatamente a intervenção do presidente da República e da Procuradoria-Geral do Estado para garantir a vida do candidato presidencial", escreveu o partido em um comunicado. Tanto a legenda quanto o candidato pediram às missões internacionais de observação das eleições "que garantam a validade da democracia e a transparência deste processo eleitoral".

Villavicencio foi morto a tiros quando saía de um comício no norte de Quito, a capital equatoriana. Pouco antes, ele havia acusado o líder da facção criminosa Los Choneros, aliada do cartel mexicano de Sinaloa, de ameaçá-lo de morte. Ele também havia denunciado parlamentares no Ministério Público por supostamente estarem envolvidos em um plano para assassiná-lo.

O candidato era um crítico ferrenho de Rafael Correa, presidente do Equador de 2007 a 2017. À Folha Correa afirmou que o assassinato de Villavicencio é um complô para prejudicar a vitória de sua aliada na disputa presidencial, Luisa González –favorita no pleito, segundo as pesquisas.

"Há uma campanha nas redes culpando-nos pela morte. Quem ganha com isso é a extrema direita, pois sabiam que íamos vencer no primeiro turno, e isso nos tirou pontos nas pesquisas", disse. Ele chegou a cogitar até o envolvimento da CIA, a agência de inteligência dos EUA, no homicídio.

Familiares de Villavicencio, por sua vez, entraram com uma ação contra o governo e chefes de polícia por "omissão dolosa", argumentando que as instituições não garantiram a proteção do candidato.

Horas antes de Zurita registrar a ameaça de morte, o prefeito de La Libertad, Francisco Tamariz, disse ter sido vítima de um atentado a tiros. Segundo ele, ao retornar do porto de Guayaquil, no sudoeste do país, sua caminhonete blindada foi alvejada por duas pessoas à paisana que saíram de uma viatura.

"Se [o carro] não fosse blindado, irmão equatoriano, eu não estaria aqui. Seria impossível estar falando com você após os 30 tiros que foram [...] direcionados à caminhonete em que eu estava", acrescentou.

Também no sábado, um tiroteio aconteceu próximo ao local onde o candidato à Presidência Otto Sonnenholzner tomava café com sua família, em Guayaquil. Em entrevista coletiva, a Polícia Nacional disse que os disparos eram fruto de uma perseguição contra bandidos que roubaram uma loja de roupas.

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