Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia ataca Moscou com drones pela sétima noite seguida

Com dificuldades em campo na contraofensiva, Kiev escala guerra assimétrica contra a Rússia

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São Paulo

Com dificuldades na contraofensiva sobre territórios ocupados pelos russos, a Ucrânia escalou os ataques com drones contra Moscou e outras regiões do vizinho. Nas noites de terça (23) e quarta (24), cinco aparelhos foram abatidos na capital. Em Belgorodo, no sul do país, três pessoas foram mortas.

Nas mais recentes ações na capital, assim como nas outras, os três principais aeroportos que servem a cidade foram fechados temporariamente, causando caos e filas para os passageiros. Na noite da terça, três drones foram interceptados pela defesa aérea de Moscou.

Dano causado por drone em prédio no centro financeiro de Moscou
Dano causado por drone em prédio no centro financeiro de Moscou - Bai Xueqi/Xinhua

Dois caíram sem causar danos aparentes, nos bairros de Mojaiski e Khimki. Já o terceiro avião-robô atingiu novamente um prédio no distrito financeiro de Moscow-City, símbolo da Rússia pós-soviética com seus inusuais arranha-céus espelhados —a capital tem majoritariamente prédios mais baixos.

Em duas outras ocasiões, havia sido alvejado um prédio que abriga escritórios de ministérios. Agora, segundo o prefeito Serguei Sobianin, o drone descontrolado atingiu um edifício ainda em obras. Nesta semana, duas pessoas foram feridas por destroços de aviões-robôs enviados contra a capital.

Já na quarta, dois drones foram abatidos rumo a Moscou, em Briansk, sem danos aparentes em solo. Em Belgorodo, três pessoas morreram em Lavi, junto à fronteira ucraniana, na madrugada de quarta. Segundo o governo local, elas estavam em um sanatório.

Esses ataques são parte de uma campanha psicológica, que visa a relembrar as elites russas em Moscou de que há uma guerra em curso. Na capital, apesar dos efeitos das sanções ocidentais devido à guerra e de eventuais outdoors louvando as Forças Armadas, os sinais da invasão de 2022 não são eloquentes.

Neste ano, segundo o Ministério da Defesa da Rússia, já houve cerca de 150 ataques com drones contra o país. A Ucrânia oscila entre assumi-los e dizer que são obra de rebeldes internos, mas na prática as ações assimétricas representam uma escalada enquanto os combates se desenrolam em seu território.

Em alguns casos, como na destruição de um bombardeiro estratégico Tu-22 no domingo (20), numa base perto de São Petersburgo, a opção de ação interna é evidente. Analistas observam que o drone usado, um quadricóptero pequeno com um explosivo, não tinha alcance para ter sido lançado da Ucrânia.

A base em questão, Soltsi-2, teve todos os seus Tu-22 retirados após a ação, segundo imagens de satélite. O bombardeiro supersônico é empregado com frequência em alvos na Ucrânia a partir do espaço aéreo russo. Já em outros pontos, são usados drones de asa fixa, miniaviões com cargas explosivas maiores. Um deles é suspeito de ter provocado a destruição de um sofisticado sistema antiaéreo S-400 na Crimeia anexada, ação anunciada por Kiev nesta quarta.

Antes da guerra, Moscou operava 248 desses sistemas de longo alcance, dos mais eficazes do mundo. Ao menos seis já foram destruídos em ação, segundo o site de monitoramento holandês Oryx, que só usa imagens georreferenciadas de equipamento desabilitado.

Em um campo em que o estrago pode ser maior, começa na noite desta quarta o embargo naval prometido por Kiev a seis portos russos no mar Negro, vitais para a exportação de petróleo do país. A Ucrânia diz que a região será "zona de guerra", tendo dado três semanas de alerta antes de ameaçar o emprego de seus novos drones aquáticos.

Eles já mostraram a que vieram, em um aperitivo apresentado pelo governo de Volodimir Zelenski, quando danificaram um navio de transporte militar e um petroleiro russos no mar Negro. A escalada foi a reação à saída de Putin do acordo que permitia o escoamento da produção de grãos ucranianos pela região.

Acertado em julho de 2022, ele garantia uma linha de oxigênio para a economia de Kiev. Ato contínuo à suspensão, a Rússia passou a bombardear a infraestrutura portuária do rival, inclusive no rio Danúbio, que marca a fronteira com a Romênia, membro da Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA.

Desde que a campanha começou, no final de julho, Kiev disse ter perdido 270 mil toneladas de grãos estocados. Nesta quarta, houve novo bombardeio com drones contra o porto de Izmail, no Danúbio. Bombardeios continuaram pelo país, com ao menos três mortos sendo registrados.

As ações perto da área da Otan elevam o temor de uma enfrentamento acidental entre russos e forças do clube militar liderado pelos EUA, que patrulham a área. Nesta quarta, um desses esbarrões ocorreu em outra frente de atrito, o Ártico, quando um avião-espião P-8 da Noruega foi interceptado por um caça MiG-29 russo. O avião do país da Otan deu meia-volta antes de entrar no espaço aéreo russo, como de costume, mas a alta tensão devido à guerra facilita a ocorrência de erros ou provocações.

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