Descrição de chapéu mudança climática

Família de vítima dos incêndios processa Havaí e Maui por negligência

Segundo a argumentação, medidas preventivas que teriam reduzido o risco não foram tomadas pelos réus

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São Paulo

O pai de uma mulher que morreu durante os devastadores incêndios florestais do mês passado no Havaí processou o estado americano e o condado de Maui. A ação judicial inédita, protocolada na segunda-feira (4), acusa os governos dos dois âmbitos de negligência grave, o que teria não apenas provocado os incêndios, mas também aumentado o número de mortes.

O processo cita ainda a empresa de serviços públicos de eletricidade do estado, Hawaiian Electric, que já enfrenta várias ações judiciais, uma delas do próprio condado, e um grande proprietário de terras na ilha, Bishop Estate, pelo fogo descontrolado que arrasou a cidade histórica de Lahaina, de 12 mil habitantes, na ilha havaiana Maui e matou pelo menos 115 pessoas.

Imagem área da destruição causada pelos incêndios
Na imagem, vista aérea da comunidade de Lahaina após incêndios florestais impulsionados por fortes ventos terem queimado grande parte da cidade - Marco Garcia - 10.ago.23/Reuters

A ação judicial, apresentada por Harold Wells em nome de sua filha de 57 anos, alega que o risco de incêndios florestais era conhecido pelos réus e que eles poderiam ter sido evitados. Segundo a argumentação, medidas que teriam reduzido o risco, incluindo o manejo adequado da vegetação e da rede elétrica, não foram adotadas pelos réus.

Grandes proprietários de terras, incluindo o estado, o condado e a Bishop Estate, tinham o dever de reduzir o risco de incêndios florestais por meio da limpeza regular da vegetação seca na área, mas falharam em fazê-lo, alega o processo.

A Hawaiian Electric, por sua vez, não interrompeu o fornecimento de energia de seus equipamentos elétricos durante os ventos fortes, provocando os incêndios. Vídeos que circulam na internet, supostamente gravados antes de as chamas destruírem a cidade, mostram a vegetação sendo consumida pelo fogo gerado por faíscas procedentes de cabos caídos no chão.

O incidente do tipo mais letal em cem anos nos Estados Unidos começou no dia 8 de agosto e tomou a região rapidamente. Embora o Havaí tenha o maior sistema de sirenes de alerta de segurança pública ao ar livre do mundo, nenhum dos 80 equipamentos instalados ao redor de Maui foi ativado enquanto o fogo se alastrava.

A decisão provocou revolta entre os sobreviventes, que apontaram lentidão e afirmaram que vidas poderiam ter sido salvas. O diretor da Agência de Gestão de Emergências da ilha de Maui, Herman Andaya, renunciou ao cargo em agosto alegando motivos de saúde.

O desastre ocorreu no Havaí depois de a América do Norte sofrer os impactos de vários fenômenos climáticos extremos nos últimos meses, de incêndios recorde no Canadá a uma extensa onda de calor que castigou o sudeste dos Estados Unidos e o México.

Cálculos do governo federal sugerem que o incêndio tenha custado cerca de US$ 5,5 bilhões, o equivalente a R$ 27 bilhões em danos.

Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para questões do clima, indicam que eventos climáticos extremos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios mais do que triplicaram ao longo dos últimos 50 anos em consequência do aquecimento global.

Outro órgão ligado à ONU, o IPCC (Painel Intergovernamental para a Mudança Climática), já afirmou em relatório que hoje é inequívoco que parte dessas mudanças foi causada pela ação humana.

Com Reuters

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