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Ministro da Defesa da China é investigado sob suspeita de corrupção, diz agência

Li Shangfu, 65, não é visto em público há semanas; 'sumiços' no país asiático são associados a problemas políticos

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Reuters

O ministro da Defesa da China, Li Shangfu, 65, que não é visto em público há mais de duas semanas, está sendo investigado sob suspeita de corrupção, segundo autoridades ouvidas pela agência Reuters.

A investigação diz respeito a supostas irregularidades em compras de equipamentos militares. A Reuters não obteve detalhes sobre quais aquisições estão sob escrutínio. Ao menos oito funcionários de alta patente da unidade que Li liderou de 2017 a 2022 são suspeitos de terem participado do esquema.

O ministro de Defesa da China, Li Shangfu, durante visita a Moscou
O ministro de Defesa da China, Li Shangfu, durante visita a Moscou - Divulgação - 18.abr.23/Ministério da Defesa da Rússia/AFP

Segundo o jornal nipo-britânico Financial Times, Li foi afastado do cargo —ele havia sido nomeado ministro em março. As investigações são conduzidas pela Comissão Central de Inspeção Disciplinar, poderoso órgão de vigilância do Partido Comunista Chinês.

Mais cedo, o Financial Times publicou que autoridades americanas suspeitavam da investigação contra Li. A notícia foi divulgada após o embaixador dos Estados Unidos no Japão, Rahm Emanuel, escrever nas redes sociais que ele não era visto há quase três semanas. A última aparição pública do chinês aconteceu em 29 de agosto, quando Li fez um discurso de abertura num fórum em Pequim sobre segurança com nações africanas. Antes, ele esteve na Rússia e na Belarus, aliadas da China na chamada Guerra Fria 2.0.

Nos últimos dias, porém, Li faltou a reuniões com líderes de defesa do Vietnã e de Singapura, o que gerou questionamentos sobre as razões do "desaparecimento". Sem entrar em detalhes, Pequim se limitou a dizer que o ministro estava com problemas de saúde. Mas o jornal americano Wall Street Journal, citando uma autoridade não identificada, disse que ele foi levado para um interrogatório na semana passada.

Procurado, o Ministério das Relações Exteriores chinês disse nesta sexta que não estava ciente da situação. O Conselho de Estado e o Ministério da Defesa da China também não responderam aos pedidos de comentários feitos pela Reuters. Li não foi encontrado.

Nos últimos meses, o líder chinês, Xi Jinping, lançou uma nova campanha para combater a corrupção nas Forças Armadas, num sinal de que o esforço para exercer controle rígido sobre os militares feito pelo dirigente no posto há mais de uma década não estava surtindo o efeito desejado.

Em ao menos duas reuniões de alto nível em Pequim no mês de julho, Xi disse a líderes militares que eles precisavam "se concentrar em resolver os maiores problemas que persistem nas organizações partidárias em todos os níveis, visando impor a liderança absoluta sobre as Forças Armadas".

Na ocasião, a Comissão Militar Central (CMC), o órgão superior de liderança militar presidido por Xi, pediu o estabelecimento de "um sistema de aviso precoce de riscos à integridade nas Forças Armadas". O órgão ainda anunciou uma investigação sobre corrupção na aquisição de equipamentos nos últimos seis anos.

Desaparecimentos repentinos de funcionários ligados ao regime são frequentes na China e, muitas vezes, associados a problemas políticos. Em julho, Pequim oficializou a saída de Qin Gang do cargo de ministro das Relações Exteriores depois que seu "sumiço" alimentou uma série de rumores, incluindo um relacionamento extraconjugal e envolvimento em casos de espionagem. Ele foi substituído pelo antecessor, Wang Yi —o Partido Comunista da China não explicou as razões da mudança e, num primeiro momento, também atribuiu a ausência de Qin a problemas de saúde que não foram especificados.

O episódio ocorreu em um momento estratégico para a diplomacia do país. Depois de um prolongado isolamento durante a pandemia de Covid e enfrentando dificuldades para reconquistar investidores estrangeiros, a China buscava reforçar laços com o exterior por meio de intensa agenda internacional.

Antes de se tornar ministro, Li foi nomeado em 2016 vice-comandante da Força de Apoio Estratégico militar –um órgão de elite encarregado de acelerar o desenvolvimento das capacidades de guerra espacial e cibernética. No ano seguinte, ele se tornou chefe da unidade de compras militares.

Li foi alvo de sanções dos EUA em 2018 devido à compra de armas da Rosoboronexport, conglomerado estatal russo de exportação de armas. Pequim defendeu várias vezes a retirada das sanções para facilitar as discussões entre chineses e americanos.

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