Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Zelenski volta a pedir ao Conselho de Segurança que derrube poder de veto russo

Presidente da Ucrânia faz coro a proposta de reforma do organismo multilateral defendida, entre outros, pelo Brasil

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São Paulo

Volodimir Zelenski realizou nesta quarta (20) seu primeiro discurso presencial aos membros do Conselho de Segurança, a mais alta instância da ONU, em meio à Assembleia-Geral da organização que ocorre em Nova York. O presidente ucraniano já havia enviado várias mensagens de vídeo ao grupo desde o início da Guerra da Ucrânia.

Vestindo uma camisa verde-oliva, cor predominante em suas roupas desde o início do conflito, em alusão ao universo militar, ele usou o espaço para voltar a criticar a atuação do órgão. O líder ucraniano disse que a ONU "se encontra em um impasse sobre a resolução de conflitos" cuja causa é a estrutura atual do Conselho de Segurança.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, discursa na abertura da reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, nos EUA; ao seu lado, o premiê do Japão, Fumio Kishida
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, discursa na abertura da reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, nos EUA; ao seu lado, o premiê do Japão, Fumio Kishida - Spencer Platt/Getty Images via AFP

Zelenski se referia, em especial, ao fato de a Rússia ter, ao lado dos outros quatro membros permanentes do grupo —Estados Unidos, China, França e Reino Unido— poder de vetar as decisões ali tomadas. O Brasil é um dos membros rotativos, portanto, sem poder de veto, e assume a presidência temporária em outubro.

"Todos no mundo veem o que torna a ONU incapaz", disse Zelenski aos presentes. "O poder de veto nas mãos do agressor [a Rússia] foi o que empurrou a ONU para um beco sem saída."

Logo no início do conflito no Leste Europeu, Moscou vetou uma resolução do conselho que condenava a invasão da Ucrânia. Na ocasião, o Brasil votou a favor do texto, que acabou servindo apenas para que os países-membros mostrassem seu descontentamento com a ação.

O ucraniano também fez coro à proposta defendida em especial pelos países do chamado Sul Global —expressão usada para se referir aos países em desenvolvimento— para que haja uma reforma do Conselho de Segurança, de modo a incluir países de peso na geopolítica atual.

"A composição dos membros permanentes deve refletir a realidade", afirmou Zelenski. Ele listou, entre outros, a União Africana, a Alemanha, além de países da América Latina e da Ásia —sem especificar quais— como alguns que deveriam ser alçados ao posto de membro permanente do órgão baseado em Nova York.

O brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi um dos líderes que, durante a Assembleia-Geral, também pediram uma reforma no organismo. Em seu discurso, que abriu a sessão, o petista disse que o conselho "vem perdendo progressivamente sua credibilidade".

"Sua paralisia é a prova mais eloquente da necessidade e urgência de reformá-lo, conferindo-lhe maior representatividade", disse ele.

Enquanto Volodimir Zelenski falava, o embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia, permaneceu quase todo o tempo mexendo no celular, sem olhar para o ucraniano. Já o chanceler russo, o decano Serguei Lavrov, ingressou na sala somente após Zelenski terminar de falar.

Durante seu discurso, Lavrov reiterou uma das justificativas dadas pelo governo de Vladimir Putin para ter invadido o país vizinho em fevereiro de 2022. O russo afirmou que os EUA haviam instigado um "golpe antirrusso" em 2014 na Ucrânia. O diplomata se referia à deposição do então líder ucraniano, Viktor Ianukovich, pelo Parlamento, após uma série de protestos massivos na capital Kiev.

Eleito em 2010, Ianukovich vinha se distanciando do Ocidente e reatando laços econômicos e políticos com Moscou, o que catalisou a insatisfação. Após a retirada do aliado do poder, a Rússia decidiu anexar a península ucraniana da Crimeia, até hoje ocupada.

Lavrov também afirmou nesta quarta-feira que o governo de Zelenski é um "fantoche americano" e sugeriu que Washington poderia instar o líder ucraniano a negociar com os russos para encerrar os combates.

Com Reuters e The New York Times

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