Os líderes da União Europeia (UE) realizam nesta terça-feira (17) uma reunião urgente para tentar unificar o discurso dos países do bloco sobre a guerra entre Israel-Hamas após uma semana de desentendimentos.
O encontro, por videoconferência, foi convocada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Espera-se que nele os líderes reavaliem uma declaração conjunta sobre o assunto adotada no domingo (15).
A reação das instituições do bloco à brutal incursão realizada pelo Hamas ao território israelense em 7 de outubro foi marcada por ruídos de comunicação.
A princípio, o comissário europeu Oliver Varhelyi anunciou a suspensão imediata dos pagamentos de ajuda ao desenvolvimento palestino.
Logo depois, porém, a Comissão Europeia —braço executivo da UE—, anunciou uma "revisão urgente" dos programas de auxílio à região. Este culminou com o anúncio, feito pela presidente do órgão, Ursula von der Leyen, de que o bloco daria € 75 milhões (cerca de R$ 400 milhões) em auxílios humanitários à região, o triplo do que é atualmente concedido.
Para agravar a situação, a viagem de Von der Leyen a Israel e as declarações feitas durante essa visita causaram evidente desconforto em capitais europeias.
Von der Leyen mencionou enfaticamente o direito de Israel de se defender, mas omitiu que essa resposta deve estar em conformidade com o direito internacional, especialmente no que diz respeito à defesa da população civil.
A questão do cumprimento do direito internacional foi um ponto central nas conversações dos ministros das Relações Exteriores da UE, convocados de forma urgente pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
A controvérsia sobre a postura única da UE em relação ao respeito ao direito internacional levou Michel a convocar a cúpula virtual desta terça.
Um diplomata europeu admitiu que foi um episódio "problemático" e que agora a prioridade do bloco é "voltar a encaminhar as coisas".
A declaração conjunta adotada no domingo enfatiza que os líderes da UE "enfatizam energicamente o direito de Israel a se defender de acordo com o direito humanitário e internacional diante de ataques violentos e indiscriminados".
No documento, os líderes europeus também "reiteram a importância de garantir a proteção dos civis em todos os momentos, de acordo com o Direito Internacional Humanitário".
"Estamos dispostos a continuar apoiando os civis mais necessitados em Gaza, em coordenação com nossos parceiros, garantindo que organizações terroristas não abusem dessa assistência", afirmaram os líderes na declaração.
Estima-se que mais de 1.400 pessoas tenham morrido nos ataques do Hamas em território israelense.
Em retaliação, Israel realizou centenas de bombardeios que resultaram em pelo menos 3.000 mortes, a maioria delas de civis palestinos. Tel Aviv afirma ainda que o Hamas sequestrou pelo menos 199 pessoas em seu ataque; o número divulgado pela organização terrorista é de 200 a 250 pessoas.
Em antecipação a uma ofensiva terrestre, Israel vem exigindo a evacuação do norte da Faixa de Gaza, afetando mais de um milhão de pessoas. Organizações humanitárias reivindicam a entrada de ajuda humanitária e a saída de civis.
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