Descrição de chapéu Diplomacia Brasileira

'Não sabemos quanto tempo vamos ficar aqui', diz menino brasileiro em Gaza

Itamaraty tenta retirar 22 brasileiros que se inscreveram para deixar região por meio da fronteira com o Egito

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São Paulo

O Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, capital da Cisjordânia, organizou a primeira entrega de ajuda aos 13 refugiados brasileiros que estão em uma escola católica em Gaza.

Foram entregues alimentos, roupas, cobertores e colchões, e uma psicóloga palestina foi contratada para assistir o grupo.

O menino Bader Monir Bader, 11, gravou um vídeo pedindo mais auxílio, inclusive gasolina para o gerador da escola, já que Israel cortou a energia da Faixa de Gaza durante os preparativos para a possível invasão em que pretende destruir o grupo terrorista palestino Hamas, que no sábado (7) realizou uma violenta incursão ao território israelense.

"Não sabemos por quanto tempo vamos ficar aqui", disse o menino, afirmando não ter mais casa.

O Itamaraty quer retirar os 22 brasileiros que se inscreveram para deixar Gaza por meio da saída sudeste da área, na fronteira com o Egito. O número anterior era de 28, mas uma família desistiu.

Na tarde desta quinta-feira (12), a aeronave da Presidência da República decolou com destino a Roma, na Itália, onde vai aguardar autorização do Egito para o resgate. O avião modelo VC-2 (Embraer 190) tem capacidade para 40 passageiros.

A operação depende de tratativas com o governo no Cairo e também que Israel concorde em estabelecer um corredor seguro para refugiados. Segundo o embaixador Alessandro Candeas, de Ramallah, Israel também foi alertada sobre a presença do grupo na escola, a Rosary Sister, para evitar bombardeios diretos —o prédio foi alvejado em 2021.

Desde o início desta guerra, ao menos 1.417 palestinos morreram e outros 6.268 ficaram feridos nos ataques à Gaza realizados por Tel Aviv, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde de Gaza na manhã desta quinta-feira (12) —à tarde no horário local.

Do lado israelense, o número de mortos é de cerca de 1.300.

As Forças de Defesa de Israel afirmam realizar ataques direcionados a alvos do Hamas no território adjacente a Israel. Em uma transmissão ao vivo, o porta-voz dos militares, Jonathan Conricus, afirmou que o esforço é para mapear as instalações, em especial as subterrâneas, que servem de base para terroristas e equipamentos.

Gaza vive um bloqueio desde 2007, e o Egito controla a sua fronteira sul. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, está negociando com o Cairo uma forma de liberar a saída, no posto de controle único de Rafah, para um ou dois ônibus com brasileiros.

Não é uma negociação simples, nem exclusiva: os Estados Unidos e outros países com mais moradores na região estão na mesma tratativa. Especula-se um salvo-conduto para até 2.000 pessoas por dia, mas nada está certo.

Para um comboio, por mínimo que seja, deixar a cidade de Gaza rumo a Rafah, seria necessária uma coordenação que parece improvável com as forças de Israel. A agência da ONU na região tenta negociar um corredor para fazer essa retirada também, mas até agora não houve acordo.

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