Patricia Bullrich será ministra da Segurança de Milei na Argentina

Ex-presidenciável 'linha-dura' passou de rival a aliada ao decidir apoiar o ultraliberal no 2º turno

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Buenos Aires

A macrista Patricia Bullrich voltará a ocupar o posto de ministra da Segurança da Argentina, dessa vez no governo de Javier Milei, confirmou a assessoria do presidente eleito. Ela foi uma das principais rivais do ultraliberal no primeiro turno da corrida à Presidência, mas ficou em terceiro lugar nas urnas e decidiu apoiá-lo no segundo turno.

Essa é uma das apenas oito pastas que ele quer manter após um grande corte na estrutura do governo. Ele pretende acabar ou fundir outros dez ministérios existentes hoje, como os de Cultura, Mulheres e Ciência e Tecnologia.

Javier Milei e Patricia Bullrich durando ato de encerramento de campanha ao segundo turno das eleições na Argentina, em 16 de novembro - Matias Baglietto/Reuters

Bullrich é vista como alguém que pode ajudar o economista outsider a ter governabilidade nos próximos anos. Ela é uma das líderes da coalizão de centro-direita Juntos pela Mudança, que, até a ascensão de Milei, era a principal força de oposição contra o peronismo.

Se somadas, as duas forças poderiam ter maioria na Câmara (131 dos 257 deputados) e quase metade do Senado (31 dos 72 senadores). Seu apoio foi um fator importante para a vitória de Milei no último domingo (19), já que ela havia atraído uma parte importante de eleitores no primeiro turno (23,8%), principalmente os mais velhos e com maior renda.

Antes disso, porém, ele fez uma campanha agressiva contra Bullrich. Chegou a acusá-la de ter sido "montonera" (guerrilheira) e de ter colocado bombas em jardins de infância, em referência à sua militância contra a ditadura militar na década de 1970.

O ultraliberal deu um grande giro em seu discurso logo depois da primeira votação, que terminou com o peronista Sergio Massa na dianteira. Indicou rapidamente que estava disposto a "encerrar o processo de agressões e ataques" da campanha e "começar de novo para acabar com o kirchnerismo".

Já no dia seguinte, disse que "ficaria encantado" se Bullrich assumisse o Ministério da Segurança em seu eventual governo. "Se ela quisesse se juntar, como eu não a incorporaria? Ela foi bem-sucedida na luta contra a insegurança", afirmou em entrevista, referindo-se à época em que ela foi ministra da pasta na gestão de Mauricio Macri (2015-2019).

Com fama de linha-dura, Bullrich fez toda a sua campanha sob o mote de "colocar ordem" no país, defendendo policiais e indicando que iria reprimir protestos de "piqueteiros", manifestantes peronistas ou de esquerda que costumam bloquear as vias das cidades, principalmente em Buenos Aires.

Mas ela começou a carreira pública do outro lado. Cientista política, atuou como militante peronista contra a ditadura na década de 1970, quando se exilou no Rio de Janeiro —por isso sabe falar português fluentemente.

Ela também foi deputada pelo menemismo nos anos 1990 e ministra do Trabalho e Segurança Social na gestão de Fernando de la Rúa (1999-2001), quando foi criticada por um corte nas aposentadorias. Depois, exerceu mais dois mandatos como deputada, e então se projetou como ministra de Segurança de Macri.

Até abril, ela era presidente do partido fundado pelo ex-presidente, o PRO (Proposta Republicana), do qual pediu uma licença para participar da campanha à Presidência.

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