Socorristas resgatam 41 trabalhadores que estavam presos em túnel na Índia

Após falhas nos equipamentos, autoridades recorreram a escavação com máquinas portáteis

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São Paulo

Socorristas retiraram, na noite desta terça-feira (28), os 41 trabalhadores da construção civil que estavam presos em um túnel que desabou parcialmente na região do Himalaia, no norte da Índia, há 17 dias.

A retirada dos operários começou mais de seis horas depois de os socorristas conseguirem abrir caminho. As equipes de resgate precisaram quebrar rochas e retirar escombros antes de instalar a última parte de um tubo de aço por onde os trabalhadores saíram.

Ministro-chefe de Uttarakhand, Pushkar Singh Dhami, interage com operário após resgate - Departamento de Informação e Relações Públicas de Uttarakhand/via AFP

Eles foram resgatados separadamente em macas com rodas por meio do tubo de 90 cm de largura, em um processo que durou cerca de uma hora. O primeiro a sair foi enfeitado com flores de calêndula e recebido pelo ministro-chefe do estado indiano de Uttarakhand, Pushkar Singh Dhami, e pelo ministro-adjunto de Transporte Rodoviário, V.K. Singh.

Alguns saíram sorrindo e foram abraçados por Dhami, enquanto outros fizeram gestos de agradecimento juntando as mãos. Todos foram enfeitados e receberam um xale de tecido branco das autoridades presentes. Nas redes sociais, o primeiro-ministro Narendra Modi disse que a coragem e a paciência dos operários "inspirou todos".

Os homens, trabalhadores de baixa renda do estado mais pobre da Índia, estavam presos em um túnel de 4,5 km desde o desmoronamento, às 5h30 do horário local do dia 12 de novembro. Ainda não se sabe o que causou o acidente.

Eles ficaram mais de 16 dias presos, cerca de 400 horas. Com a instalação de um tubo de aço de 15 cm de largura no dia 21 de novembro, passaram a receber comida, água, oxigênio e medicamentos, enquanto os esforços para cavar um túnel e resgatá-los eram frustrados por uma série de contratempos.

Após falhas das máquinas e quedas de escombros, as agências governamentais que gerenciam a crise recorreram na última segunda-feira (27) a um tipo de mineração com máquinas portáteis para perfurar rochas. O perigoso e controverso método é usado principalmente para acessar depósitos de carvão por meio de passagens estreitas.

Os mineradores, trazidos do centro da Índia, trabalharam durante a noite de segunda e romperam os cerca de 60 metros de rochas, terra e metal na tarde desta terça, no horário local. Do lado de fora, 41 ambulâncias esperavam para fazer a transferência a um hospital a cerca de 30 km de distância.

Além disso, helicópteros estavam prontos para levar os trabalhadores para um centro de saúde maior na cidade de Rishikesh, caso fosse necessário, e uma instalação médica improvisada com 10 leitos e cilindros de oxigênio foi montada dentro do túnel para aqueles que precisassem de atendimento de emergência. Por fim, eles foram transportados em 17 ambulâncias ao Chinyalisaur Base Hospital.

Parentes dos homens presos, que estavam acampados nas proximidades, foram levados para dentro do túnel, prontos para acompanhar os familiares.

"Agradecemos a Deus e aos socorristas que trabalharam muito duro para salvá-los", declarou à agência de notícias AFP Naiyer Ahmad, irmão de um dos operários presos que estava acampado há duas semanas. "Quando ele sair, meu coração vai reviver novamente", disse à Reuters o pai de um trabalhador, que se identificou apenas como Chaudhary, sobre seu filho, Manjeet Chaudhary.

Agora, os operários vão precisar de cuidados a longo prazo, incluindo monitoramento de possíveis casos de estresse pós-traumático, segundo especialistas.

Para alguns, o impacto mental pode durar meses, de acordo com o médico Dinakaran D., do Instituto Nacional de Saúde Mental e Neurociências, administrado pelo estado. A expectativa é de que eles sejam examinados em intervalos regulares por pelo menos um ano.

"Há um risco de transtorno de estresse pós-traumático nesses indivíduos", disse Dinakaran. Segundo o médico, eles podem experimentar sintomas como insônia, pesadelos recorrentes, recordações periódicas do desabamento e ansiedade. "Nem todos terão o transtorno, mas a maioria sofrerá com esses sintomas por cerca de três a seis meses."

Durante o período em que estiveram presos, os homens ficaram em contato constante com os socorristas, que enviaram antidepressivos e jogos de tabuleiro pelo pequeno tubo. Enquanto esperavam pelo resgate, eles foram incentivados a conversar entre si, contar histórias e fazer ioga e exercícios leves.

Com AFP e Reuters

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