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Venezuela liberta americanos em troca da soltura de aliado de Maduro

Caracas teria aceitado soltar 36 presos políticos após acordo com Washington mediado pelo Qatar

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Caracas | AFP e Reuters

O regime da Venezuela libertou 21 pessoas, incluindo oito americanos, algumas das quais haviam sido presas por motivos políticos, segundo organizações que atuam com direitos humanos. A ação faz parte de um acordo com Washington que determinou, em contrapartida, a soltura de um aliado do ditador Nicolás Maduro.

O líder venezuelano planeja libertar no total até 36 pessoas, incluindo 12 americanos, disseram duas autoridades do país nesta quarta-feira (20) à agência de notícias Reuters. O acordo para a troca de prisioneiros foi mediado pelo Qatar.

Pedestre em frente a muro com grafite em apoio a Alex Saab, em Caracas
Pedestre em frente a muro com grafite em apoio a Alex Saab, em Caracas - Leonardo Fernandez Viloria - 9.set.21/Reuters

O aliado de Maduro é o empresário colombiano Alex Saab, acusado por promotores americanos de desviar cerca de US$ 350 milhões (R$ 1,7 bilhão) da Venezuela via EUA em um esquema que envolvia subornar funcionários do regime. Ele nega a acusação.

Maduro celebrou a soltura de Saab. "Sua liberdade é um símbolo de vitória", disse ele em comunicado. O empresário havia sido detido em Cabo Verde em 2020 e extraditado aos EUA em outubro de 2021.

A lista de contemplados pelo regime inclui pessoas que seriam ligadas à oposição. Algumas teriam envolvimento com a campanha de María Corina Machado, hoje considerada a principal candidata opositora. Outros teriam participado da organização das primárias de partidos da oposição em outubro. O acordo determina que eles sejam soltos e tenham suas ordens de prisão retiradas.

Até a tarde desta quarta haviam sido soltos 13 venezuelanos e oito americanos, entre eles Luke Alexander Denman e Airan Berry, que cumpriam pena de 20 anos por uma incursão armada que fracassou na Venezuela em 2020, segundo o grupo Coalizão pelos Direitos Humanos e a Democracia.

O governo americano relaxou as sanções contra a Venezuela neste ano após Maduro se comprometer a realizar eleições justas em 2024. Mas a Casa Branca havia dito nas últimas semanas que estava preparada para pausar o alívio das sanções a menos que houvesse progresso na libertação de prisioneiros.

Questionado sobre a possibilidade de uma troca de prisioneiros, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse a repórteres que a situação parecia "boa". Ele acrescentou: "Parece que Maduro, até agora, está cumprindo seu compromisso com uma eleição livre. Ainda não está concluído. Tem um longo caminho a percorrer. Mas está bom até agora."

Embora as libertações possam ser vistas como um passo de Maduro para cumprir as exigências dos EUA, o retorno de Saab marca uma vitória para o ditador, uma vez que seu retorno à Venezuela era considerado improvável.

Washington havia estabelecido ao regime venezuelano, em primeiro momento, 30 de novembro como data-limite para remoção das proibições a candidatos da oposição de concorrerem a cargos públicos. Caracas também deveria começar a soltar prisioneiros políticos americanos "detidos injustamente", segundo os EUA, para evitar a reintrodução de sanções.

A Venezuela está permitindo que os candidatos da oposição apelem contra as proibições, mas não havia feito muito progresso na libertação de prisioneiros antes desta quarta.

"Queremos garantir que nossos compatriotas americanos sejam libertados. Também focamos os prisioneiros políticos na Venezuela e tentamos garantir mais solturas", disse Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, em entrevista. "Esperamos ter algumas boas notícias."

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