Imprensa da Rússia diz que há ao menos 95 desaparecidos após ataque em Moscou

Segundo dados oficiais, atentado do Estado Islâmico matou 143 pessoas, mas dezenas de pessoas ainda buscam familiares

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Londres e Moscou | Reuters

O ataque terrorista em Moscou, que deixou 143 mortos e 182 feridos, segundo cifras oficiais, pode ter feito mais vítimas. Nesta quarta-feira (27), o canal Baza, vinculado ao Kremlin, afirmou que outras 95 pessoas estão em listas dos serviços de emergência que reúnem desaparecidos.

"Essas listas incluem pessoas com as quais os parentes não conseguiram entrar em contato desde o ataque terrorista, mas que não estão nas listas de feridos e mortos", afirma o veículo. "Algumas dessas pessoas morreram, mas ainda não foram identificadas."

Policial guarda memorial improvisado após ataque terrorista em Moscou - Maxim Shemetov/Reuters

Durante o atentado da última sexta-feira (22), reivindicado pelo Estado Islâmico, atiradores abriram fogo no Crocus City Hall, uma casa de shows ao lado de um shopping que fica 20 km a noroeste do Kremlin, o coração da capital russa. Os agressores mataram os seguranças do local, entraram e começaram a atirar contra a plateia, que incluía crianças. Depois, explodiram duas bombas, deixando o prédio em chamas.

A banda de rock da era soviética Piknik começaria um show no lugar, que tem 6.200 lugares e estava com os ingressos todos vendidos.

Mais de 200 pessoas poderiam estar no prédio em chamas momentos antes do colapso do telhado, relatou a Baza no último sábado (23), citando fontes dos serviços de emergência que revisaram as imagens de vigilância. De acordo com investigadores russos, havia quatro atiradores e eles usavam armas automáticas Kalashnikov. Mais de 500 projéteis foram encontrados no local.

Desde o ataque, redes sociais russas foram inundadas por mensagens de pessoas que pedem ajuda para encontrar seus familiares. Em um chat do Telegram chamado " Centro de Ajuda Crocus", amigos e parentes compartilham nomes de espectadores desaparecidos e oferecem apoio.

"Alguém viu na lista o nome Igor Valentinovitch Klimentchenko?", escreveu um usuário no sábado à noite. "Alguém pode enviar a lista de vítimas?" O nome não estava na lista de mortos publicada pelo Ministério de Emergências da Rússia. No mesmo dia, outra pessoa escreveu no grupo que seu tio trabalhava perto do Crocus e não tinha entrado em contato desde o ataque. "Estou muito preocupado", escreveu.

Na região de Briansk, no sudoeste da Rússia, a imprensa local relatou nesta quarta que uma mulher ainda procurava por seu filho, Dmitri Bashlikov, um professor em Moscou que foi ao show com um amigo. Seu nome também não estava na lista da pasta.

Após o ataque, o EI assumiu a autoria do massacre, e autoridades dos Estados Unidos disseram ter informações que mostravam a participação do braço afegão do grupo, o Estado Islâmico Khorasan. A Rússia, porém, desconfia dessas versões.

O ataque é o primeiro desde o início da Guerra da Ucrânia e o maior desde 2011, quando 37 pessoas morreram numa explosão no aeroporto internacional de Domodedovo. Kiev nega repetidamente qualquer envolvimento.

A mais recente mostra da suspeita por parte do Kremlin veio da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova. Nesta quarta, ela disse que é "extremamente difícil de acreditar" que o EI teria capacidade para lançar o ataque.

Durante uma entrevista coletiva, ela reafirmou a posição de Moscou, alegando que o Ocidente se apressou em atribuir a responsabilidade ao EI para desviar a culpa da Ucrânia e dos governos ocidentais que a apoiam.

"Para afastar suspeitas, eles precisavam urgentemente inventar algo, então recorreram ao EI e tiraram um ás da manga. Literalmente algumas horas após o ataque terrorista, a mídia anglo-saxônica começou a disseminar essas versões", disse ela.

O recém-reeleito presidente Vladimir Putin disse que o ataque foi realizado por combatentes islâmicos, mas sugeriu que foi para benefício da Ucrânia e que Kiev pode ter participado. O líder afirmou ainda que alguém do lado ucraniano teria preparado uma passagem para os atiradores escaparem pela fronteira antes de serem capturados no oeste da Rússia.

Na terça-feira (26), no entanto, o ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko, disse que os atiradores inicialmente tentaram entrar em seu país, mas, ao perceberem que as fronteiras estavam fechadas, dirigiram-se para a Ucrânia.

No mesmo dia, o diretor da agência de segurança FSB (Serviço Federal de Segurança, o sucessor principal da KGB soviéticada) disse acreditar que a Ucrânia, juntamente com os EUA e o Reino Unido, estava envolvida no ataque.

"As acusações da Rússia sobre o Ocidente e a Ucrânia no ataque ao Crocus City Hall são um completo absurdo", afirmou o chanceler britânico, David Cameron, na rede social X.

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