Descrição de chapéu Diplomacia Brasileira

Chanceler da Argentina viaja ao Brasil em primeira visita bilateral no governo Milei

Diana Mondino deve se reunir com Mauro Vieira e empresários; relação entre os dois países e agenda regional estão na pauta

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Buenos Aires

A chanceler da Argentina, Diana Mondino, viaja ao Brasil no próximo domingo (14) para uma agenda que inclui um encontro em Brasília com o ministro Mauro Vieira e uma ida a São Paulo para reuniões com empresários no início da semana.

A chanceler da Argentina, Diana Mondino, chega para cerimônia no Museu do Holocausto em Buenos Aires
A chanceler da Argentina, Diana Mondino, chega para cerimônia no Museu do Holocausto em Buenos Aires - Agustin Marcarian - 26.jan.24/Reuters

Trata-se da primeira viagem bilateral feita por Mondino ao Brasil desde o início do governo de Javier Milei, em dezembro. O plano prioritário é abordar a situação da relação bilateral entre Brasília e Buenos Aires e, possivelmente, tratar temas de regionais comuns.

A economista, uma das ministras mais importantes de Milei, já esteve duas vezes com o chanceler Mauro Vieira para conversas.

Antes de ser empossada, durante a transição de governos na Argentina, escolheu o Brasil como primeiro país de destino para colocar panos quentes na relação entre os dois governos após Milei tecer críticas a Lula durante sua campanha e o PT declarar apoio ao candidato opositor do hoje presidente.

Em uma visita relâmpago naquela ocasião, Mondino entregou a Lula uma carta de Milei na qual o argentino fazia um convite para sua posse —à qual o brasileiro, porém, não compareceu— e manifestava a intenção de construir laços entre as duas gestões.

Depois, Mondino também esteve com Vieira durante a reunião do G20, realizada no Rio de Janeiro em fevereiro.

Dessa vez, a conversa entre os dois chanceleres ocorre pouco menos de um mês após as diplomacias dos dois países, representadas pelos respectivos vice-chanceleres, reunirem-se para afinar a coordenação política e diplomática das relações bilaterais ponto a ponto.

Assim, espera-se que, uma vez em Brasília, Mondino e Vieira abordem assuntos gerais da relação bilateral e da agenda latino-americana. Temas que podem ser colocados na mesa vão das eleições na Venezuela, passando pela crise diplomática entre Equador e México até a agenda do Mercosul.

A embaixada argentina em Caracas abriga ao menos seis aliados da opositora venezuelana María Corina Machado, inabilitada eleitoralmente, e na última semana ventilou-se a possibilidade de que o regime de Nicolás Maduro permitisse que essas pessoas voassem a Buenos Aires em busca de asilo. Nada foi confirmado por ora.

Do lado do governo Lula (PT), houve críticas às dificuldades para que a oposição ao regime se inscrevesse nas eleições de 28 de julho. Antes, o petista havia saído em defesa de Maduro, com argumentos controversos como o de que a "democracia é algo relativo".

No que diz respeito ao rompimento das relações diplomáticas entre Equador e México após Quito invadir com policiais a embaixada mexicana para prender o ex-presidente Jorge Glas, ali asilado, tanto Brasília quanto Buenos Aires condenaram a ação.

Também poderia entrar nos meandros da conversa a relação entre o governo argentino e o colombiano, dirigido por Gustavo Petro, um aliado regional de Lula. Nas últimas semanas ele e Milei trocaram farpas públicas, ainda que depois, em comunicados, tenham dito que as relações entre os dois países seguiam bem.

No que diz respeito ao Mercosul, o governo de Milei e sua diplomacia têm manifestado o objetivo de ampliar a agenda comercial do bloco. Também pesa nesse tema as longas negociações sobre o possível acordo de livre-comércio com a União Europeia.

Fora da agenda regional, nos últimos meses houve sinalizações da Argentina sobre uma possível cooperação na área de segurança com o Brasil para o combate ao narcotráfico, um problema crescente na região argentina de Rosário, que recentemente registrou uma nova onda de violência. Há poucas semanas, um representante da Polícia Federal esteve no país para tratar do tema.

Entre outros temas de interesse está a possibilidade de exportar ao Brasil o gás argentino extraído da região de Vaca Muerta. No último mês de março, uma missão de empresários e do Ministério de Minas e Energia brasileiro foi à Argentina estudar o assunto.

A Argentina é o terceiro principal destino de exportações brasileiras e a quarta origem de importações. Em 2023, a corrente de comércio bilateral (total de importações e exportações) totalizou US$ 28,7 bilhões, crescimento de 0,9% em comparação com 2022.

A balança é favorável ao Brasil. As exportações brasileiras naquele ano registraram US$ 16,7 bilhões, ao passo que as importações de origem argentina acumularam US$ 11,9 bilhões.

Pouco antes de Mondino desembarcar no Brasil, o presidente Javier Milei terá um encontro com um desafeto de Lula.

Com uma agenda nos Estados Unidos, ele se encontrará neste sábado (13), na fábrica da Tesla no Texas, com o empresário Elon Musk, que nos últimos dias atacou o Supremo Tribunal Federal (STF).

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