Descrição de chapéu Haiti América Latina

Conselho de transição no Haiti escolhe novos presidente e premiê

Edgarg Leblanc e Fritz Belizaire foram nomeados de forma interina até as eleições previstas para 2026

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São Paulo

O governo transitório que assumiu o comando do Haiti após a renúncia do então primeiro-ministro Ariel Henry nomeou nesta terça-feira (30) os novos líderes do país. O ex-ministro do Esporte Fritz Belizaire foi escolhido para o cargo de premiê, enquanto o ex-senador Edgard Leblanc será o presidente. Eles terão o desafio de restaurar a ordem em um Estado devastado por uma grave crise de violência.

As nomeações ocorrem após semanas de impasses e disputas políticas que ganharam força com o vácuo de poder deixado pela renúncia de Henry. O órgão de transição é formado por sete membros com direito a voto, além de dois observadores. Belizaire e Leblanc receberam quatro votos cada um.

Edgard Leblanc, nomeado novo presidente do Haiti, discursa em Porto Príncipe
Edgard Leblanc, nomeado novo presidente do Haiti, discursa em Porto Príncipe - Clarens Siffroy - 30.abr.24/AFP

Michel Patrick Boisvert, que atuou como ministro das Finanças durante o governo de Henry, é o atual premiê interino. Ainda não está claro se ele continuará no governo. As nomeações dos novos líderes devem ser confirmadas por uma declaração no jornal oficial do Haiti.

Após as nomeações, os novos líderes reiteraram que o conselho de transição representa os principais partidos do país, bem como o setor privado e a sociedade civil. Leblanc, ex-presidente do Senado, repetiu a promessa de que o governo transitório vai organizar votações "transparentes, confiáveis e incontroversas" para entregar o poder até fevereiro de 2026. O país não tem eleições desde novembro de 2016, quando Jovenel Moïse venceu a disputa —ele foi assassinado em 2021 e substituído por Ariel Henry.

"Somos capazes de conversar, negociar, fazer concessões e obter resultados", disse Leblanc nesta terça. Ele é membro do coletivo de partidos 30 de Janeiro, uma aliança que se opôs a Henry durante a crise de violência e o pressionou a deixar o cargo.

A nação caribenha tem sofrido uma explosão de violência desde o final de fevereiro, quando gangues lançaram ataques a delegacias de polícia, prisões, sedes oficiais e ao aeroporto de Porto Príncipe. No início de março, cerca de 4.000 detentos foram libertados por homens armados, em uma das ações mais emblemáticas da crise.

Pressionado em função do conflito, Henry havia anunciado em 11 de março que renunciaria assim que as novas autoridades fossem empossadas. Ele oficializou a saída do governo no último dia 25, quando o governo transitório assumiu o comando do Haiti.

Leblanc apontou o principal desafio que o governo enfrentará: a insegurança causada pelas gangues. Grupos armados, que controlam mais de 80% de Porto Príncipe, ainda paralisaram o país caribenho nos últimos dias ao bloquear os acessos ao aeroporto e porto da capital.

A violência agravou a crise humanitária no Haiti, um dos países mais pobres do mundo, e contribuiu para o deslocamento de ao menos 360 mil haitianos, de acordo com a ONU. O país tem 11,6 milhões de habitantes.

"Vamos tomar decisões de segurança para livrar o país das gangues que causaram tantos danos à população", disse Leblanc. "Estamos pensando especialmente nas vítimas de estupro, sequestro e assassinato, naqueles que fugiram de suas casas, nos empresários que perderam seus negócios. Compartilhamos de seu sofrimento."

As autoridades esperam o envio de uma missão internacional liderada pelo Quênia e supervisionada pela ONU para ajudar a conter a violência. A criação do governo transitório e a nomeação de seus líderes pode facilitar o envio das forças estrangeiras —autoridades quenianas disseram que o país poderia enviar policiais desde que fosse instalado algum governo provisório no Haiti com quem dialogar.

Na semana passada, o chefe da diplomacia americana para América Latina, Brian Nichols, disse que a missão deve ser finalmente enviada ao país em maio. Países caribenhos, como Jamaica, já manifestaram interesse em contribuir com a missão.

O Brasil, que liderou a Minustah, missão de paz da ONU no Haiti, já deixou claro que não pretende contribuir diretamente com pessoal, mas se dispôs a ajudar oferecendo treinamento e transporte de forças policiais da região do Caribe para a ilha.

Com Reuters e AFP

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