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EUA condenam ex-diplomata a 15 anos de prisão por espionar para Cuba

Victor Manuel Rocha foi agente secreto de Havana por 4 décadas, embaixador na Bolívia e assessor das Forças Armadas

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Gerard Martinez
Miami (EUA) | AFP

O ex-embaixador dos Estados Unidos na Bolívia Victor Manuel Rocha foi condenado nesta sexta-feira (12) a 15 anos de prisão por atuar como agente secreto de Cuba por quatro décadas, em uma audiência realizada em um tribunal federal de Miami, na Flórida.

Rocha, 73, compareceu à tarde perante a juíza em uma audiência que durou três horas e meia. "O tribunal vai sentenciá-lo à pena máxima permitida por lei", declarou a juíza Beth Bloom antes de anunciar a sentença de prisão, à qual somou o pagamento de US$ 500 mil de multa.

O ex-diplomata dos Estados Unidos Victor Manuel Rocha fala à imprensa em La Paz, em 2001, quando era embaixador de Washington na Bolívia
O ex-diplomata dos Estados Unidos Victor Manuel Rocha fala à imprensa em La Paz, em 2001, quando era embaixador de Washington na Bolívia - Gonzalo Espinoza - 11.jul.01/AFP

O ex-diplomata, que chegou a um acordo de colaboração com a Procuradoria, declarou-se inicialmente culpado de ter recolhido informações de inteligência dos EUA para o regime de Cuba desde cerca de 1980.

A polícia americana prendeu Rocha em Miami em dezembro do ano passado e o acusou de atuar como agente de um governo estrangeiro sem o consentimento prévio de sua administração.

Em seus anos como espião, ocupou cargos importantes no Departamento de Estado, onde teve acesso a informações confidenciais de alto nível e influenciou a política externa dos Estados Unidos.

Nascido na Colômbia e naturalizado americano, Rocha realizou "uma das infiltrações de maior alcance e duração no governo dos Estados Unidos por parte de um agente estrangeiro", afirmou em dezembro o procurador-geral Merrick Garland.

Entre 1999 e meados de 2002, foi embaixador em La Paz, onde causou grande polêmica ao ameaçar retirar a ajuda americana à guerra boliviana contra as drogas, caso o esquerdista Evo Morales vencesse as eleições.

Segundo a Procuradoria, Rocha continuou espionando para Havana após deixar o Departamento de Estado em 2002, quando se tornou assessor do Comando Sul dos Estados Unidos, o órgão que coordena as Forças Armadas do país na América Latina, incluindo na área de Cuba.

O ex-diplomata admitiu ter trabalhado para Cuba por 40 anos em reuniões realizadas em 2022 e 2023 com um agente secreto do FBI, que se passava por um representante da Direção Geral de Inteligência da ilha.

Durante esses encontros, Rocha celebrou sua atividade como agente da inteligência cubana, que descreveu como "meticulosa" e "muito disciplinada", e se referiu repetidamente aos EUA como "o inimigo" e aos seus contatos cubanos como "companheiros".

Numerosos casos de espionagem mancharam as relações entre os dois países, inimigos desde a revolução comunista na ilha em 1959, durante a Guerra Fria.

Em 2001, Ana Belén Montes, analista de inteligência militar, foi presa por espionagem após admitir que passou quase uma década coletando informações para Cuba.

A CIA, a agência de inteligência americana, fez várias tentativas de assassinar líderes cubanos após a fracassada invasão da Baía dos Porcos em 1961. A ilha segue sob embargo de Washington desde 1962.

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