Novo primeiro-ministro de Portugal foi salva-vidas antes de entrar para a política

Presidente do partido de direita PSD, Luís Montenegro estreou como parlamentar aos 29 anos

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Lisboa

Após sair vencedor das eleições mais acirradas da democracia portuguesa, o advogado Luís Filipe Montenegro Cardoso de Morais Esteves, 51, tornou-se formalmente primeiro-ministro de Portugal nesta terça-feira (2).

Casado e pai de dois filhos, Montenegro é natural do Porto, segunda maior cidade portuguesa. Na juventude, atuou como salva-vidas.

Luís Montenegro celebra vitória de sua coalizão nas eleições legislativas de Portugal em Lisboa - Miguel Riopa - 10.mar.24/AFP

Sua primeira experiência de liderança aconteceu justamente quando vigiava o mergulho dos banhistas. Ao descobrir que a lei determinava uma remuneração mais elevada pelo trabalho aos domingos e feriados, o jovem Luís Montenegro iniciou uma mobilização que culminou com um aumento salarial para a categoria.

Além da natação, o premiê jogou futebol na infância e na adolescência e esteve nas divisões de base de um clube de Espinho, cidade na região central de Portugal. Amigos revelam que, quando criança, ele tinha o apelido de "ervilha", porque era mais baixinho e gordinho do que seu irmão, cuja alcunha era "feijão verde".

Formado em direito pela Universidade Católica Portuguesa, começou a carreira política em Espinho, em cuja Assembleia Municipal foi vereador e deputado.

A estreia parlamentar aconteceu quando tinha 29 anos, em 2002, durante a administração de Durão Barroso, do Partido Social Democrata (PSD). Em 2011, já no Executivo do também social-democrata Pedro Passos Coelho, Montenegro foi escolhido líder parlamentar de seu partido e porta-voz do governo na casa.

O agora premiê deixou a Assembleia da República em 2018, mas não saiu da vida política. Antes de finalmente conquistar a presidência do PSD, no fim de 2022, perdeu a disputa pelo cargo em 2020. A derrota, contudo, foi por uma pequena margem de votos, o que mostrou sua força para os membros do partido.

No momento em que assumiu o posto de líder do então maior partido da oposição, Montenegro estava sem assento parlamentar e sem a visibilidade que o posto proporciona. Relativamente pouco conhecido do grande público, decidiu então rodar o país para se apresentar ao eleitorado luso, que só deveria ir às urnas novamente em 2026.

Com o projeto batizado de Sentir Portugal, passou uma semana por mês em cada um dos distritos do território português, realizando encontros com a população e apresentando seu projeto para o futuro da nação.

A decisão se mostrou uma aposta acertada do social-democrata, que já estava com experiência na estrada e em ritmo de contato com os eleitores quando, em novembro de 2023, aconteceu a inesperada queda do governo de maioria absoluta do Partido Socialista em meio a investigações de corrupção.

Desde que venceu o pleito, Montenegro vem se mantendo discreto e evitando entrevistas.

No discurso de posse, o novo premiê reafirmou diversas promessas eleitorais, incluindo a diminuição da carga tributária, principalmente para os jovens e para a classe média.

"Baixar os impostos não é uma benesse do governo. Baixar os impostos é uma medida de política econômica e justiça social. A carga fiscal elevada é um bloqueio à economia, à produtividade e ao sentimento de justiça", afirmou.

Uma de suas paixões, o futebol, está relacionada a uma das principais polêmicas de sua vida pública. Quando ocupava o posto de líder parlamentar do PSD, Montenegro foi declarado formalmente suspeito de ter recebido vantagens indevidas em uma investigação de viagens de Lisboa à França durante a Eurocopa de 2016, vencida por Portugal. O caso, no entanto, foi arquivado pelo Ministério Público e acabou não indo a julgamento.

No fim de 2023, a RTP (TV pública de Portugal) revelou que o Ministério Público abriu um inquérito para investigar possíveis irregularidades no IVA (imposto de valor acrescentado) de um imóvel pertencente a Montenegro em Espinho.

Segundo a imprensa portuguesa, a suspeita era de irregularidades na classificação das obras da casa, o que pode ter evitado que Montenegro pagasse cerca de € 100 mil (R$ 545 mil) em impostos.

O líder social-democrata afirmou que cumpriu todos os requisitos fiscais e negou que tenha havido irregularidades relacionadas à obras do imóvel, que tem seis andares e mais de 800 m². "São especulações absurdas que nascem de interesses."

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