Trump promete se posicionar sobre aborto e associa imigrantes a 'carnificina'

Ex-presidente até agora foi ambíguo sobre interrupção da gravidez, ponto fraco dos republicanos nas urnas

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Washington

Pressionado pelo avanço de restrições ao aborto em estados republicanos, o ex-presidente Donald Trump afirmou nesta terça-feira (2) que vai divulgar uma declaração sobre o tema na próxima semana.

Até agora, o candidato presumido à Presidência tem fugido da questão, mantendo uma postura ambígua. Ele oscila entre chamar as restrições de "um erro terrível" e dizer que foi o responsável pela derrubada do direito ao procedimento em âmbito federal por meio da decisão da Suprema Corte em que ele conseguiu formar uma maioria conservadora.

Donald Trump faz comício em Wisconsin nesta terça (2) - Alex Wroblewski/AFP

Nesta segunda, a Justiça da Flórida abriu caminho para uma lei que limita a seis semanas, quando a maioria das mulheres nem sequer sabe que está grávida, o limite para a interrupção da gestação no estado, governado por Ron DeSantis. No mesmo dia, porém, em uma decisão separada, os juízes validaram um plebiscito sobre aborto previsto para ocorrer em novembro, paralelo à eleição, em que o acesso ao procedimento pode ser ampliado caso consiga o apoio de mais de 60% dos eleitores.

Trump não falou sobre o tema nos dois comícios que realizou nesta terça, em Michigan e Wisconsin. A promessa de uma declaração na próxima semana ocorreu apenas após ser questionado por um repórter, que perguntou a opinião do candidato sobre a nova restrição na Flórida.

"Nós faremos uma declaração na próxima semana sobre aborto", respondeu.

Os democratas veem na decisão uma oportunidade para tentar virar votos no estado, no qual não conseguem vencer um pleito presidencial desde a última eleição de Barack Obama. "O direito ao aborto estará no centro das atenções na Flórida neste ciclo eleitoral", afirmou o comunicado da campanha de Joe Biden.

O direito ao aborto é apoiado pela maioria dos americanos e venceu em todas as vezes em que foi colocado para votação nos últimos anos, engajando eleitores e fortalecendo candidatos democratas nas urnas.

Um vídeo intitulado "Trust | Biden-Harris 2024" publicado nesta terça-feira no canal do YouTube de Joe Biden mostra Trump se vangloriando de ajudar a revogar a decisão de Roe vs. Wade, de 1973, a qual reconhecia o direito em âmbito federal a acessar o aborto.

"Em 2016, Donald Trump concorreu para derrubar Roe vs. Wade. Agora, em 2024, ele está concorrendo para aprovar uma proibição nacional do direito de escolha das mulheres. Estou concorrendo para tornar Roe vs. Wade a lei do país novamente, para que as mulheres tenham uma garantia federal do direito de escolha", afirma Biden no vídeo. "Donald Trump não confia em mulheres. Eu confio."

'Banho de sangue' na fronteira

Trump priorizou outro tema nos eventos desta terça: a entrada ilegal de imigrantes no país, o maior ponto fraco de Biden em sua campanha pela reeleição. Michigan e Wisconsin estão entre os poucos estados considerados pêndulo, ou seja, que podem dar a vitória a qualquer um dos dois candidatos e, assim, são determinantes para o resultado da eleição.

"Sob o comando do corrupto Joe Biden, cada estado agora é um estado de fronteira, cada cidade agora é uma cidade de fronteira. Joe Biden trouxe a carnificina, o caos e a violência de todo o mundo e despejou diretamente em nossos quintais", afirmou o republicano, novamente relacionando a imigração a uma suposta onda de violência sem apresentar evidências.

O republicano afirmou que "o banho de sangue na fronteira de Joe Biden" vai acabar quando ele assumir a Presidência. "Os piores de todos os países estão vindo para o nosso país. Eles estão mudando, ameaçando e destruindo o país. Nós vamos acabar tendo que fazer a maior deportação da história americana. Não temos escolha", disse.

Trump tem adotado um discurso cada vez mais agressivo contra imigrantes, os quais já acusou de "envenenarem o sangue da nação".

Nas últimas semanas, ele tem reforçado a associação do fluxo à criminalidade, aproveitando dois assassinatos de grande repercussão em que os acusados são imigrantes em situação irregular. As vítimas foram duas mulheres: Laken Riley, morta na Geórgia, e Ruby Garcia em Grand Rapids, em Michigan, onde ocorreu o comício de Trump nesta terça.

Segundo autoridades, o acusado pelo homicídio de Garcia, chamado Brandon Ortiz-Vite, chegou a ser deportado durante o governo Trump, mas conseguiu voltar aos EUA.

Nesta terça, o republicano chamou o assassino de Riley de um "estrangeiro ilegal animal". "Os democratas dizem 'por favor, não os chame de animais, diga humanos'. Eu digo que não, eles não são humanos, são animais. Usarei a palavra animal porque é isso que eles são", completou.

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