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Procuradoria do Peru denuncia presidente por suspeita de suborno em caso Rolexgate

Dina Boluarte é acusada de aceitar relógios de luxo de governador; ela afirma que itens foram empréstimo

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Lima | AFP

O procurador-geral do Peru, Juan Carlos Villena, denunciou nesta segunda-feira (27) a presidente do país, Dina Boluarte, por um suposto caso de suborno envolvendo relógios de luxo no âmbito do escândalo que ficou conhecido como Rolexgate.

O Ministério Público utilizou um post do X para anunciar a denúncia, que foi entregue ao Congresso peruano, como manda a legislação —no Peru, acusações contra um presidente primeiro precisam ser avaliadas pelos parlamentares para depois, ao fim do mandato, tramitarem na Justiça.

A presidente do Peru, Dina Boluarte, mostra seu relógio durante uma entrevista coletiva na sede do governo em Lima depois de ter sido alvo de uma operação de busca no caso Rolexgate - 5.abr.24/AFP

Boluarte governa com o apoio de partidos de direita no Parlamento, o que diminui as chances de que ela seja removida do cargo antes do fim do mandato, em 2026.

A denúncia se refere a três relógios Rolex que a presidente teria recebido de presente do governador regional de Ayacucho, Wilfredo Oscorima, além de um brinco de diamantes e uma pulseira com 94 pedras preciosas. De acordo com a procuradoria, Boluarte cometeu o crime de "suborno passivo indevido", ou seja, receber benefícios impróprios de servidores públicos, além de enriquecimento ilícito e omissão por não declarar os bens obtidos.

No Congresso peruano, a denúncia precisa ser avaliada em uma comissão equivalente à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do parlamento brasileiro antes de ser votada em plenário, o que não tem prazo para acontecer.

Com a denúncia, chega a seis o número de presidente do Peru envolvidos em casos de corrupção nos últimos 25 anos. O país passou por seis chefes do Executivo em apenas seis anos em meio à pior instabilidade política da sua história moderna.

Boluarte, que tem uma reprovação de 88% dos peruanos, de acordo com uma pesquisa do Ipsos, chegou ao poder em dezembro de 2022 depois que o ex-presidente Pedro Castillo tentou destituir o Congresso em uma tentativa fracassada de golpe.

Uma vez no poder, Boluarte reprimiu violentamente protestos de apoiadores de Castillo que pediam por novas eleições —cerca de 50 pessoas morreram nas manifestações entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. A presidente chegou a ser acusada pelo Ministério Público por homicídio como responsável por essas mortes, mas a denúncia está travada no Congresso.

Em depoimento à Procuradoria, Boluarte disse que os relógios de luxo foram entregues a ela pelo governador de Ayacucho como empréstimo. "Devo reconhecer que foi um erro aceitar esses relógios na condição de empréstimo de meu amigo Wilfredo Oscorima", disse.

Em março, a polícia arrombou a casa da presidente em uma operação sobre os relógios. Na época, Boluarte disse ser vítima de uma perseguição da Procuradoria —e, um mês depois, dissolveu a unidade da polícia responsável pela operação contra ela.

"Cheguei ao Palácio Presidencial com as mãos limpas e sairei dele com as mãos limpas, assim como prometi ao povo peruano", disse Boluarte em abril. Também disse que não vai renunciar.

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