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Polícia arromba casa de presidente do Peru em meio a escândalo por relógios Rolex; veja vídeo

Dina Boluarte é investigada por enriquecimento ilícito após menção em reportagem; ela nega irregularidades

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Lima | AFP e Reuters

Autoridades arrombaram a casa da presidente do Peru na madrugada deste sábado (30) no âmbito de uma investigação por suposto enriquecimento ilícito. Segundo um documento da polícia, cerca de 40 agentes e promotores atuaram para "apreender relógios Rolex" que Dina Boluarte não teria declarado.

Imagens televisionadas mostraram policiais estourando a porta da residência após, aparentemente, ninguém atender a campainha. Segundo a estação de rádio RPP, a presidente não estava em casa, no distrito de Surquillo, em Lima, no momento da operação.

Polícia deixa casa da presidente Dina Boluarte, em Lima, após operação ordenada pela Procuradoria-Geral da República - Juan Carlos Cisneros/AFP

Boluarte afirma ser vítima de um "ataque sistemático" e se manifestou dizendo que não vai renunciar e que as medidas foram desproporcionais e abusivas.

"Assumi o cargo com as mãos limpas e vou terminar meu mandato da Presidência em 2026", disse ela em entrevista coletiva.

O primeiro-ministro do Peru, Gustavo Adrianzén também afirmou que a busca foi um "ultraje intolerável à dignidade" da presidente. "Essas ações são desproporcionais e inconstitucionais", disse ele à rádio RPP.

Desde 18 de março, Boluarte é investigada pelos supostos crimes de enriquecimento ilícito e omissão de declarações em documentos públicos. O caso surgiu a partir de uma reportagem sobre uma suposta coleção de relógios de luxo que a presidente não teria declarado entre seus bens.

A ação conjunta do Ministério Público e da polícia foi transmitida pelo canal de televisão local Latina, no qual foi possível ver agentes cercando a residência e fazendo uma barreira humana para impedir o tráfego de veículos.

A operação foi autorizada pelo Supremo Tribunal de Investigação Preparatória, presidido pelo juiz supremo Juan Carlos Checkley, a pedido do Procurador-Geral.

Nos últimos dias, o Ministério Público tentou sem sucesso fazer uma verificação dos relógios no escritório de Boluarte, mas seus advogados disseram que houve um conflito de compromissos na agenda e pediram para remarcar a consulta, o que não foi permitido.

Ainda que seja indiciada, Boluarte não poderá ser julgada até julho de 2026, quando seu mandato termina, conforme estabelece a Constituição. No entanto, o escândalo pode resultar em um pedido de impeachment pelo Congresso sob a justificativa de "incapacidade moral" —argumento recorrente no contexto de instabilidade política que se agravou no Peru nos últimos anos.

Para que isso aconteça, os partidos de direita que controlam o Parlamento unicameral e são o principal apoio da presidente teriam que apoiar os partidos de esquerda minoritários, em uma aliança difícil de se concretizar.

Os promotores que entraram na casa não deram declarações às dezenas de jornalistas que estavam do lado de fora da residência.

O escândalo estourou após uma reportagem do programa La Encerrona mostrar Boluarte usando vários relógios da marca de luxo Rolex em atividades oficiais desde o ano passado. Na ocasião, a presidente afirmou que os relógios são "antigos" e fruto de seu "esforço", pois trabalha desde os 18 anos.

"Entrei no Palácio do Governo de mãos limpas e sairei de mãos limpas, como prometi ao povo peruano", declarou Boluarte ela na semana passada.

Posteriormente, a Controladoria da República anunciou que revisaria as declarações de bens que Boluarte apresentou nos últimos dois anos em busca de eventual desequilíbrio patrimonial.

Suspeitas de corrupção recaem sobre membros do alto escalão do governo desde que a política foi alçada da Vice-Presidência ao poder, no final de 2022. Na ocasião, o Congresso havia destituído o então presidente, Pedro Castillo, depois que ele tentou dissolver o Parlamento, intervir no sistema judicial e governar por decreto em um autogolpe fracassado.

No último escândalo, no início do mês, o primeiro-ministro Alberto Otárola renunciou após ter o nome envolvido em um suposto tráfico de influência em favor de uma mulher a quem chamava de "amor" em áudios revelados pela imprensa. Otárola negou ser um "corrupto" e disse que sua saída foi tramada por adversários políticos.

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