Na onda de bares nipônicos, Shiro é eleito melhor novidade de São Paulo

Ousada, casa escondida nos Jardins reflete virtudes e dilemas da noite paulistana

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Drink Su com cumaru (verde com folha) e Haiboru do Shiro Japanese cocktail bar
Drink Su com cumaru do Shiro - Keiny Andrade/Folhapress
São Paulo

À primeira vista, o Shiro Japanese Cocktail Bar parece apenas repetir conceitos cada vez mais diluídos desde que a noite paulistana descobriu as maravilhas dos bares de inspiração japonesa.

Está lá a localização quase misteriosa, no segundo andar de um pequeno restaurante nipônico nos Jardins. Os dez lugares lhe dariam lugar na constelação de microbares do Golden Gai, em Tóquio. E uma lista de insumos tão insondável quanto cara, que torna a apreciação do custo-benefício turva.

A boa notícia é que o bar, vencedor como novidade do ano d'O Melhor de São Paulo, dribla os clichês, equilibrando misturas clássicas com criações ousadas da bartender Ana Gumieri.

As últimas podem ser condensadas no tosuto, beberagem cuja base é uísque Suntory infusionado com arroz tostado, combinação com tudo para dar errado. Mas funciona, numa nota salgada acentuada pelo missô vermelho e equilibrada por limão e um toque de xarope de mel. Não é para todos os gostos ou, a R$ 80, bolsos, mas tornou-se o segundo coquetel mais pedido da casinha.

O primeiro lugar é do su com cumaru, que por mais palatáveis R$ 50 oferece uma pororoca nipo-brasileira de cachaça, da semente que lembra baunilha, matchá e limão. Aqui, o equilíbrio, ao menos no dia da visita, foi prejudicado por dulçor excessivo.

A experiência é realçada por entradinhas japonesas, com destaque para o tamagoyaki (omelete japonês, atum bluefin, ovas de truta). Por R$ 75 para alguns golpes de uma colher de chá, é excessivamente caro, mas teria lugar em qualquer omakassê.

O serviço é personalizado e requer um draconiano ritual de reserva (R$ 100 adiantados e horários fixos), embora até a quarta-feira seja possível achar assentos no susto. O processo reflete um dilema dessa nova categoria, pontificada pelo The Punch Bar: a tal exclusividade afeta a espontaneidade intrínseca à ideia de sair para beber.

O mesmo pode ser dito sobre os preços. O bar não se propõe a ser barato, e vender uma dose de uísque a R$ 650 está mais para manifesto. Mas R$ 190 no teto dos drinques da carta, assim como a birita que está lá para não ser bebida, arriscam ostentação conivente com certo público, mais interessado no Instagram do que no balcão.

SHIRO JAPANESE COCKTAIL BAR 
R. Padre João Manuel, 712, Cerqueira César, região oeste, WhatsApp (11) 91255-0906, @shirococktailbar

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