editorial
Investimento mais fácil
Num país em que a concorrência no setor financeiro mostra-se aquém do desejável, surgem novidades que tendem a ampliar o poder de barganha do consumidor.
É o que se observa na área de investimentos, onde a onipresença dos bancos começa a ser questionada por corretoras e plataformas independentes com potencial de aproximar o poupador de quem precisa de recursos, cortando as comissões de intermediários.
Um bom exemplo é o Tesouro Direto (TD), ferramenta já consagrada de compra e venda de títulos públicos federais, que assiste a um rápido aumento do número de cadastrados —já são 1 milhão de pessoas, das quais 365 mil ativas, com aportes de R$ 38 bilhões.
Embora significativo, o montante representa ainda diminuta parcela da dívida federal no mercado (1,3%), o que sugere considerável potencial de crescimento.
O site do Tesouro Direto passou recentemente por reformas para facilitar as operações e incentivar o pequeno investidor a deixar produtos menos rentáveis, como a tradicional Poupança. Observa-se, com efeito, uma crescente onda de conscientização sobre os baixos rendimentos dessa modalidade de investimento, que chega a perder para a inflação.
Há também outros instrumentos financeiros oferecidos por empresas não ligadas a bancos. Por exemplo, títulos privados, CDBs e letras financeiras podem ser adquiridos em plataformas eletrônicas, em geral em condições melhores que as tradicionalmente disponíveis.
Nem tudo é vantajoso, porém. Apesar de tais provedores serem regulados por governo e mercado, não se deve ignorar os riscos de que os clientes façam investimentos sem suficiente informação.
Corretoras e gestores que ganham por volume de transações podem ser incentivados a vender o máximo possível, em detrimento da saúde financeira do investidor.
Hoje já é possível comparar custos de empréstimos entre bancos, com benefícios óbvios para empresas e famílias. Mesmo no segmento de cartões de crédito, conhecido por taxas abusivas, há métodos inovadores para identificar a qualidade de crédito do cliente e facilitar a queda dos juros dos empréstimos.
Ao governo cumpre trabalhar para que a regulação do setor financeiro seja compatível com o aumento da concorrência. Mais alternativas tendem a beneficiar empresas e pessoas físicas que, em muitos casos, se tornam reféns de serviços bancários caros e juros incompatíveis.
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