Descrição de chapéu

Ameaça ao tucanato

Prisão de Paulo Vieira de Souza aumenta as apreensões nos bastidores do PSDB

Paulo Vieira de Souza durante CPI, em Brasília, 2012; ex-diretor da Dersa foi preso na manhã desta sexta (6)
Paulo Vieira de Souza durante CPI, em Brasília, 2012; ex-diretor da Dersa foi preso na manhã desta sexta (6) - Sérgio Lima - 29.ago.12/Folhapress

A prisão do engenheiro e ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, determinada após pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo, desmanchou um quadro no qual políticos ligados ao PSDB do estado pareciam gozar de relativa tranquilidade quanto às investidas da operação.

Embora caciques tucanos paulistas como o governador Geraldo Alckmin, o senador José Serra e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, tenham sido citados em delações e estejam sob investigação, o encarceramento provisório de Souza representa uma mudança de patamar.

Paulo Preto, como é conhecido, já foi foi mencionado por sete delatores no âmbito da Operação Lava Jato. Todos eles mencionaram cobrança de propina durante a construção do Rodoanel, obra realizada na gestão do tucano José Serra (2007-2010).

Além disso, documentos remetidos ao Brasil por autoridades suíças atestam que o ex-diretor da estatal rodoviária manteve soma equivalente a R$ 113 milhões numa conta bancária daquele país.

No mês passado, ele já havia sido denunciado sob acusação de desvio de R$ 7,7 milhões da obra viária, entre 2009 e 2011. 

Colhido pela notícia quando participava da inauguração de estações de metrô, na véspera de seu afastamento do Palácio dos Bandeirantes para lançar-se à eleição presidencial, Geraldo Alckmin disse que não conhecia o ex-auxiliar e afirmou que seu governo foi responsável pelas investigações sobre os desvios na Dersa.

Paulo Preto, na realidade, foi nomeado pelo governador tucano em junho de 2005 para a função de diretor de relações institucionais, antes de ser promovido, em 2007, por Serra, para a área de engenharia, responsável pela condução de obras de maior vulto.

É fato que o caso começou a ser apurado sob a gestão de Alckmin, quando as investigações transcorriam na esfera estadual. 

A prisão, de qualquer modo, aumenta as apreensões nos bastidores do PSDB, uma vez que pode evoluir de modo a criar problemas para figurões da sigla e respingar nas aspirações políticas de seu pré-candidato ao Planalto.

A seis meses do pleito, há tempo mais do que suficiente para que a fortaleza tucana seja atingida, ainda que os avanços da Lava Jato em São Paulo não se comparem, em celeridade, aos observados no Paraná e no Rio de Janeiro.

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