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Governo Bolsonaro recorre a evasivas diante de evidências acerca da conduta de ministro

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O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), em Brasília
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), em Brasília - Jake Spring - 16.jan.19/Reuters

A constatação de que nos últimos anos políticos e executivos ligados a grandes empresas e legendas tradicionais, como PT, PP, PMDB e PSDB, viram-se implicados em desvios de grande vulto não basta para transformar em inocente quem tenha incorrido em ilícitos de escala menos espetacular. 

Subtrair milhões ou milhares de reais de recursos do contribuinte e aceitar vantagens de variadas proporções em prejuízo do bem público são ocorrências que devem ser consideradas malversações e enquadradas na lei.

Chama a atenção que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e alguns de seus auxiliares venham preferindo tergiversar acerca de episódios que, em pouco mais de um mês, já macularam a imagem de campeões da ética alardeada em campanha pelos atuais governantes.

Nesse curto interregno, soube-se ­—ou rememorou-se— que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), recebeu colaborações eleitorais pelo caixa dois; que o titular do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi condenado por improbidade administrativa.

No caso mais delicado para o Planalto, veio à tona que o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e seu pai, o presidente da República, mantiveram laços estreitos com Fabrício Queiroz, policial e ex-assessor parlamentar envolvido com operações financeiras suspeitas e milicianos do Rio de Janeiro.

De mais recente, descobriram-se evidências de que Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), hoje ministro do Turismo, organizou um esquema de candidaturas artificiais em seu estado, para as quais distribuiu verbas públicas que chegaram a empresas ligadas a seu gabinete.

Em resposta ao último episódio, revelado por esta Folha, o ministro esquivou-se de oferecer explicações para os fatos apresentados —tarefa, reconheça-se, de alto grau de dificuldade. Preferiu recorrer ao surrado expediente de acusar uma tentativa de desestabilizar o governo com “denúncias vazias”.

Por sua vez, o titular da Justiça, Sergio Moro, levantou dúvidas sobre a consistência dos indícios. O ex-juiz da Lava Jato afirmou que as revelações sobre a conduta de Álvaro Antônio serão apuradas “se surgir a necessidade”.

A declaração do vice-presidente Hamilton Mourão poderia ser considerada mais incisiva, não fosse também inócua em seus rodeios. “Qualquer denúncia tem de ser apurada, a Justiça que faça seu papel. Se for verdadeira, é grave. Tem de ver até onde há verdade nisso aí.”

Coube ao porta-voz da Presidência, o general Otávio Rêgo Barros, sintetizar a retórica tortuosa com que o governo Bolsonaro vem tratando eventos incômodos. Afirmou tratar-se de “um assunto que deve estar restrito ao próprio ministro” —como se este estivesse na Esplanada brasiliense a turismo.

editoriais@grupofolha.com.br

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