Descrição de chapéu

A EBC continua

Com orçamento de R$ 600 milhões, empresa segue inexpressiva e desnecessária

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O ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz - Pedro Ladeira/Folhapress

Definida por um ex-presidente, Laerte Rimoli, como um "mastodonte", a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) conta neste ano com orçamento de R$ 600 milhões para sustentar um conglomerado formado por uma agência, emissoras de rádio e canais de televisão.

A estatal foi criada em 2007 por medida provisória, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Com a missão de incorporar a estrutura de comunicação estatal já existente e liderar o chamado Sistema Público de Comunicação, nasceu em meio à cantilena do PT acerca do "controle social" da mídia —um eufemismo mal disfarçado para a vontade de restringir a liberdade de imprensa e proteger os governantes do jornalismo crítico.

Durante a campanha eleitoral do ano passado, o então candidato Jair Bolsonaro (PSL) aventou a possibilidade de extinguir a estatal de comunicação, o que parecia uma demonstração de coerência com a agenda privatizante de Paulo Guedes, o nome escolhido para comandar o Ministério da Economia.

Com quatro meses de governo, Bolsonaro já deu mostras suficientes de que sua adesão ao liberalismo é, no mínimo, tortuosa.

Declarações sobre temas sensíveis como a reforma da Previdência, o preço dos combustíveis ou a política de crédito dos bancos públicos já geraram instabilidade nos mercados financeiros e reforçaram a desconfiança dos agentes econômicos quanto às suas reais convicções no terreno econômico.

O presidente, como se noticiou, desistiu da ideia de fechar a EBC. Na realidade, em 1º de janeiro, dia da posse do novo governo, tal recuo já se esboçava no decreto 9.660, que passou a vincular a empresa à Secretaria de Governo —hoje sob o comando do general Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Agora, como parte do que seria um processo de reorganização, o presidente da empresa, Alexandre Graziani, promove a contratação de militares para ocupar cargos diretivos e de assessoria.

Repete-se o que se observa em diversos ramos da máquina federal na atual administração, que tem escalado quadros ligados às Forças Armadas e à Polícia Militar para as mais variadas funções públicas. Tal disposição não deixa de lembrar os governos autoritários, em especial na década de 1970, que acolhiam vasto contingente de oficiais nas companhias estatais.

Durante o breve período de Michel Temer (MDB) na Presidência, a EBC passou por alguns ajustes de governança. Manteve-se, não obstante, inexpressiva e desnecessária como sempre foi e continua a ser --agora sob nova direção.

editoriais@grupofolha.com.br

Erramos: o texto foi alterado

O nome do ex-presidente da EBC que a definiu como um "mastodonte" é Laerte Rimoli, e não Larte. O texto foi corrigido.

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