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Temores de recessão se afastam, mas governo precisa acelerar agenda econômica

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Empreendimento do Minha Casa, Minha Vida em Marília (SP); construção civil foi o setor mais afetado pela crise - Alf Ribeiro - 22.abr.19/Folhapress

O risco de o país estar a caminho de uma recaída recessiva parece por ora afastado, segundo indicam os números mais amplos do desempenho da economia divulgados nesta quinta-feira (29) pelo IBGE.

Medida da renda nacional, o Produto Interno Bruto cresceu 0,4% no segundo trimestre, ante o primeiro. Um pouco melhor que o esperado, pois chegou-se a temer algum recuo como o do primeiro trimestre —mas ainda insuficiente para indicar recuperação mais vigorosa.

Em 12 meses, o avanço, que mal merece tal denominação, foi de 1%. Esta deve ser a taxa ao final deste 2019, de acordo com as projeções mais otimistas de hoje.

Completam-se, assim, três anos seguidos de crescimento em torno desse patamar pífio, que mal compensa a expansão populacional. A renda média por habitante ainda está 8% abaixo do nível de 2013.

A melhor notícia, desta vez, veio dos investimentos, que mostraram alta de 3,2% no período abril-junho. Boa parte da melhora se deveu à construção civil, o setor mais devastado pela crise, que registrou a primeira variação positiva (de 1,9%) desde o final de 2014.

Ainda assim, os investimentos privados e públicos —vale dizer, recursos para obras, máquinas e outros ativos destinados a ampliar a capacidade produtiva— equivalem a vexatórios 15,9% do PIB. Já se calculou que a cifra deveria chegar a 25% para sustentar um desenvolvimento mais duradouro.

As perspectivas para 2020, até aqui, tampouco se mostram animadoras. As estimativas para o crescimento do PIB, atualmente em torno de 2,1%, estão ameaçadas pela piora do cenário internacional —de conflitos entre EUA e China e derrocada da Argentina.

Não é um desempenho com o qual pode conformar-se um país que empobreceu nesta década e tem tantas carências a superar. A persistência da letargia, em cenário de desemprego elevado, contribui inclusive para a incerteza política.

O governo Jair Bolsonaro (PSL) adotou diretrizes econômicas corretas, mas tem sido lento na implementação de seu programa. Entre as opções à mão, é preciso sobretudo destravar as concessões de serviços à iniciativa privada no setor de infraestrutura, fundamentais para a retomada de investimentos.

Deve prosseguir também o corte de juros do Banco Central, que tende a dar algum alento ao crédito para pessoas físicas e jurídicas.

Da parte do presidente, que comemorou os parcos números desta terça, a melhor contribuição seria pôr fim a confrontos que tensionam o ambiente nacional e dificultam a recuperação da confiança de consumidores e empresários.

editoriais@grupofolha.com.br

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