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Bicicletas escanteadas

Depois de dez anos, Ciclofaixa de Lazer em SP deixa de ser opção de passeio

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Ciclofaixa de Lazer na zona sul de São Paulo - Fabio Arantes/Secon/Divulgação

Por dez anos, o paulistano teve uma forma diferente de conhecer sua cidade, se exercitar e desfrutar de espaços ao ar livre: a Ciclofaixa de Lazer. Eram 117 km de pistas reservadas aos domingos e feriados às bicicletas, ligando parques, praças e locais de interesse turístico.

Com a faixa separada dos carros por cones, orientadores e mecânicos à disposição, o programa atraía ciclistas pouco experientes e crianças, gente que não tem coragem de enfrentar ciclovias ou o trânsito dos dias úteis na cidade.

O programa está suspenso há quatro meses, desde que a patrocinadora, a Bradesco Seguros, deixou a parceria com a prefeitura. A administração municipal havia prometido em outubro retomar as ciclofaixas no mês seguinte por meio de contrato emergencial, mas não aprovou as propostas recebidas.

Agora, realiza-se um processo regular de contratação, que está em consulta pública. Para que as faixas funcionem 62 dias por ano, estima-se gasto de R$ 22,2 milhões com a colocação dos cones e contratação de orientadores e mecânicos.

É espantoso que a prefeitura não tenha conseguido manter o programa —com um contrato adequado, não deveriam faltar empresas para associar sua marca a uma atividade que reúne os atributos de ser saudável, familiar e sustentável.

Em dezembro, a gestão Bruno Covas (PSDB) também anunciou um novo plano cicloviário, com implantação de 173 km de novas vias para bicicletas, mudanças de trajeto e reformas até o final deste ano. O investimento será de R$ 325 milhões, acompanhado outros R$ 250 milhões para recapeamentos.

Por enquanto, o que se vê são ciclovias com buracos, malconservadas e sem fiscalização. Resta saber se a prefeitura conseguirá cumprir essa promessa, além de reativar a Ciclofaixa de Lazer.

É fato que a expansão das ciclovias na gestão de Fernando Haddad (PT, de 2013 a 2016) levou a um aumento do número de bicicletas, além de uma aceitação maior da população em relação à presença desse tipo de transporte. 

Houve problemas no plano do petista, tais como privilegiar a manutenção das vias para bicicletas em bairros nobres em detrimento das na periferia e ter tirado atenção e recursos do transporte público.

Será uma pena, porém, se o legado da gestão Covas na área for o fim das ciclofaixas e obras inacabadas nas ciclovias, subtraindo do cidadão uma fonte de lazer e desencorajando o ciclista paulistano.

editoriais@grupofolha.com.br

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