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Os pratos da balança

Brasil registra queda do comércio exterior em 2019; abertura precisa avançar

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Contêineres do BTP (Brasil Terminal Portuário) no porto de Santos - Eduardo Knapp - 16.abr.19/Folhapress

O comércio do Brasil com o restante do mundo diminuiu em 2019. Não se tratou de mudança dramática, mas de baixa de 4,7% na corrente de comércio, a soma do valor de exportações e importações. Flutuações na economia global explicam a maior parte do declínio.

Houve queda mais acentuada, de 6%, na exportação, em particular de bens manufaturados (cerca de 11%). A venda de produtos industriais foi prejudicada pela fraqueza das economias da América do Sul, em especial no caso da Argentina. O fenômeno foi significativo nos segmentos de veículos e peças.

A desaceleração do crescimento econômico mundial, de 3,5% para 3% ao ano, afetou a balança como um todo. O Brasil embarcou menos soja, depois de um 2018 excepcional, e também os preços caíram; o mesmo se deu com o petróleo. Soja, petróleo (e derivados) e minério de ferro perfazem mais de um terço das exportações do Brasil.

O valor das importações pouco se alterou, ainda mais quando se desconta o efeito meramente contábil de negócios com plataformas de petróleo. Cresceu a compra de máquinas e outros bens de capital, sinal de alguma recuperação dos investimentos privados.

A corrente de comércio foi algo maior que 21% do Produto Interno Bruto, variação pouco significativa além da média de 20% registrada neste século —o que mantém o país entre os mais fechados do planeta, mas ainda assim um avanço ante os 14% da década de 1990. 

O salto pós-2000 se deveu à expansão das vendas de produtos básicos, impulsionada, como se sabe, pela ascensão chinesa. Além desse fator de origem externa, não houve mudança significativa no comércio exterior brasileiro, ainda marcado pela tradição protecionista.

A equipe econômica do governo Jair Bolsonaro fala de abertura e mais acordos; no Itamaraty, de modo desinformado e ideológico, prega-se o “fim da ideologia” nas relações com os demais mercados.

Entretanto não se dispõe de programa claro, que vá além da retórica —e mesmo esta não raro provoca incertezas e temores com incompetências diplomáticas que comprometem a imagem do país.

Em outros tempos, dependia-se de elevados superávits comerciais para a obtenção de divisas. Hoje, importa menos o saldo da balança.

É fundamental, isso sim, buscar maior integração, mais trocas de mercadorias, serviços, tecnologia, conhecimento e mão de obra. Para tanto há que enfrentar interesses e visões mercantilistas arraigadas à esquerda e à direita.

editoriais@grupofolha.com.br

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