Após um ano dos primeiros casos de contaminação pela Covid-19 no Brasil, atravessamos o pior momento nesta pandemia. Para especialistas, inclusive, estamos em piores condições do que em março do ano passado. O país já soma mais de 275 mil mortos e registrou recorde de 2.349 óbitos em único dia.
A Fiocruz emitiu um comunicado técnico alertando para a dispersão de "variantes de preocupação" do Sars-Cov-2 (o novo coronavírus), variantes mais transmissíveis do vírus que já foram detectadas no Brasil, na África do Sul e no Reino Unido.
Após analisar oito estados (AL, CE, MG, PE, PR, RJ, RS e SC), o estudo constatou que apenas em Alagoas e Minas Gerais as “variantes de preocupação” eram inferiores a 50% dos casos de contaminados. Nos outros seis, essas mutações já são predominantes.
Mas como chegamos nesta situação? É impossível responder a essa pergunta sem falar de quem nos governa: Jair Bolsonaro.
O presidente possui aversão à ciência, à informação e à preservação das vidas. A aversão à ciência ajuda a explicar a sua incompetência e a de gente como o especialista em (i)logística Eduardo Pazuello, o ministro da Saúde que confundiu o Amazonas com o Amapá.
Mas não se pode reduzir este governo à incompetência, pois sua real estratégia tem sido exitosa.
Após a análise de 3.049 normas federais relacionadas à Covid-19, o Centro de Pesquisas e Estudos de Direito Sanitário da USP, em parceria com o Conectas Direitos Humanos, divulgou em 21 de janeiro um relatório que revela a “existência de uma estratégia institucional de propagação do vírus, promovida pelo governo brasileiro sob a liderança da Presidência da República”.
Disto, deriva-se uma conclusão incontornável: Bolsonaro está cometendo um genocídio contra os trabalhadores, contra os pequenos empresários e, em particular, contra os negros e pobres deste país. Com um agravante: faz da Sars-CoV-2 uma arma biológica de destruição em massa.
Para impor este genocídio, seu governo atrapalha a vacinação no país, recusa auxílio emergencial para milhões de trabalhadores e desempregados e faz coisas torpes como negar recursos a projetos culturais em localidades que adotaram medidas restritivas contra a pandemia.
No futuro, como dissera o jornalista Diego Cruz, precisaremos de uma Comissão da Verdade da Covid-19. No presente, precisamos tirar Bolsonaro do poder para interromper o genocídio em curso.
Diante de um genocídio não existe neutralidade. Não havia neutralidade possível diante do Holocausto nazista, nem diante do apartheid, nem diante dos expurgos e assassinatos cometidos pelo stalinismo. Portanto, quem não está empenhado em tirar Bolsonaro do Planalto será cúmplice de um genocídio.
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