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Edvaldo Nogueira

Bruno Covas: o político e o ser humano

Uma grande perda no presente, mas também uma lacuna no futuro

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Edvaldo Nogueira

Prefeito de Aracaju (PDT-SE), é presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP)

Foi no dia 15 de abril quando, juntos, tomamos posse como presidente e primeiro vice-presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) que nos encontramos pela última vez. Foi naquela manhã de quinta-feira, separados pelas telas digitais que a pandemia nos imputou, que o prefeito Bruno Covas participou de seu último evento público. Naquele momento expressei minha admiração, respeito e satisfação por tê-lo ali conosco.

Certamente não sabíamos que seriam as últimas palavras de nosso curto período juntos na gestão da diretoria da entidade, por meio da qual nos conhecemos há alguns anos. Relembrando aquele momento, sinto a satisfação de ter reconhecido publicamente que, além de político brilhante e sensível, Bruno exercia com dignidade o seu papel como ser humano, em especial a paternidade.

Na ocasião, reconheci que a decisão de levar seu filho à final da Libertadores da América, para torcer pelo time do coração, fez todo o sentido diante de seu quadro de saúde, mesmo durante a pandemia. O pragmatismo do político, do líder, e o permanente zelo das assessorias por nossas trajetórias, poderia ter inviabilizado aquele momento. Mas prevaleceu o fortalecimento derradeiro dos laços entre pai e filho. Que bom, especialmente nestes tempos tão intolerantes e obtusos em que vivemos. Um exemplo para todos nós de que, entre acertos e erros, almejamos ser grandes humanos.

Na política, Bruno Covas também foi grande. Como prefeito da maior cidade do país, poderia ter focado suas ações no intenso e desafiador cotidiano paulistano. Mas ele sabia que a união de esforços é fundamental para o aprimoramento do federalismo brasileiro e que, se São Paulo tem muita força sozinha, contar com ela, ao lado das capitais e das médias e grandes cidades, constrói unidade e fortalece ainda mais o trabalho coletivo. O político Bruno também deu esse belo exemplo de desprendimento e visão estratégica.

Um jovem talento da política brasileira, que lutou bravamente contra a doença e, mesmo diante do momento mais difícil da sua existência, fez questão de se manter próximo do trabalho e da sua missão de cuidar da maior cidade do país. A partida de Bruno é uma grande perda no presente, mas também uma lacuna no futuro.

Lamento a pouca convivência no dia a dia, mas agradeço a boa parceria nas atividades da FNP. Desejo que a fé e o tempo confortem a família, os amigos, os paulistanos, os paulistas e os brasileiros. Na FNP, sentiremos saudades.

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